Como investir contra os bancos sem precisar fazer short

Beatriz Fortunato, da Studio, e Rodrigo Heilberg, da HIX, mostram como compraram a tese de financial deepening sem short.

Renato Santiago

Investir na tese de que os bancos vão perder espaço e lucratividade por causa da concorrência de outras plataformas, de fintechs e da melhora da educação financeira do brasileiro não é exatamente novidade.

Muitos que passaram pelo Stock Pickers já trouxeram essa tese, mas na maioria das vezes, ela envolve o bom e velho short (vender as ações hoje e pagar menos por ela no futuro, quando tiver que entregá-las).

Os dois convidados desta semana do Stock Pickers estão investidos nessa tese de mudança do mercado bancário, mas não por meio de shorts.

Os novos vencedores

Pela primeira vez no Stock Pickers, Beatriz Fortunato, da Studio, abriu sua carteira e lá encontramos dois concorrentes: XP e BTG. Perguntamos se ela estava indecisa sobre quem seria o vencedor, ou até torcendo pelo empate. 

E a resposta foi não. A intenção não é escolher quem se sairá melhor na disputa entre plataformas de investimento, mas sim a de que as plataformas de investimentos vão tomar market share, dinheiro e clientes dos bancões. 

Em poucas (e inglesas) palavras, o financial deepening, ou o crescimento da oferta e da penetração dos serviços financeiros, é o que vai tirar dinheiro dos bancões e colocar nas empresas como XP e BTG.

“Hoje, perto de 90% dos ativos financeiros ainda estão nas mãos dos bancos […]. E quando olhamos para a oferta de produtos, o serviço prestado, o ecossistema totalmente digital, rápido e eficiente [das novas plataformas], o que vemos é uma proposta de valor, tanto de XP quanto BTG, muito superior à dos bancos”, resume.

“Dá pena da capacidade de reação dos banções. Eles parecem dinossauros tentando reagir”, resume.

O vendedor de picaretas

Se existe uma corrida do ouro, certamente o vendedor de picaretas vai ganhar dinheiro. É mais ou menos essa a tese por trás do investimento em Sinqia do outro convidado do programa, Rodrigo Heilberg, da HIX.

“A Sinqia é uma empresa que desenvolve e fornece software para instituições financeiras pequenas, médias e grandes. “Ela fornece software para fintechs puro sangue, iniciativas digitais de players tradicionais, e até para os próprios bancões”, explica. “A tese é: esse mercado vai ficar competitivo […] daqui para a frente é uma onda de desconcentração“. Ou seja: quanto mais garimpeiros atrás do ouro, mais picaretas serão vendidas.

Para ouvir o racional completo por trás das teses, é só clicar no player e escutar.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney