Com forte fluxo estrangeiro, bancos e commodities puxam Ibovespa em 2022, mas as grandes oportunidades estão em outros setores

Rodrigo Heilberg, CIO da HIX Capital, e João Mamede, analista de renda variável na AZ Quest, falam sobre o assunto no episódio 139 do Stock Pickers

Henrique Esteter

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No mês de março, os mercados globais permaneceram voláteis com os investidores avaliando os efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a escalada da inflação e os riscos de uma política monetária mais apertada.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 recuaram cerca de 3% e o Nasdaq caiu 7%. Mesmo neste cenário, o Ibovespa registrou alta de 6% e agora sobe cerca de 15% em 2022.

Esse descolamento entre as Bolsas é puxado, principalmente, pelo forte fluxo de investimento estrangeiro no Brasil. Neste ano até o dia 30 de março, a entrada líquida era positiva em R$ 64 bilhões.

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“O Brasil virou uma alternativa para os investidores globais. Os BRICS têm problemas e o Brasil ficou um pouco menos o patinho feio do que era no passado”, afirma João Mamede, analista de renda variável na AZ Quest no episódio #139 do Stock Pickers.

Entre os motivos para este movimento, estão o fato de o Brasil estar chegando ao fim de seu ciclo de alta de juros, enquanto o Fed e outros bancos centrais de mercados desenvolvidos estão apenas começando o movimento de alta.

Também ajuda a rotação global de ações de crescimento (como as de empresas de tecnologia) para ações de valor – que respondem por boa parte da Bolsa brasileira – e a forte exposição do Brasil a commodities e bancos. “Os preços das commodities já eram favoráveis e houve uma intensificação com a guerra na Ucrânia”, ressalta Mamede.

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Para efeito de comparação, enquanto o Ibovespa sobe cerca de 15% no ano, as ações de commodities e financeiras do índice acumulam alta de 20%. Já os demais setores valorizam apenas em torno de 7%.

“Temos uma Bolsa muito forte com as commodities e uma muito fraca de mercado interno. As compras estão sendo feitas só de um lado”, diz Rodrigo Heilberg, sócio-fundador e CIO da HIX Capital.

De olho das small caps

Para os especialistas, empresas de commodities e de bancos devem continuar performando acima da média do mercado no curto prazo, tendo em vista as indefinições no cenário global e interno.

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Eles ressaltam, no entanto, que é justamente em momentos como esse que grandes oportunidades se abrem. “Temos um terreno fértil para escolher empresas que estão sofrendo, mas têm bons fundamentos”, diz Heilberg.

Entre as preferidas, estão ações de empresas como Assaí (ASAI3), Hapvida (HAPV3) e companhias do varejo de alta renda.

Eles também citam small caps que podem se destacar, como Track&Field (TFCO4), Sinqia (SQIA3), Vittia (VITT3) e Boa Safra (SOJA3).

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“Gostamos de empresas vencedoras de longo prazo, que vão ter market share maior e serão large caps em algum momento. Porém, também podemos nos beneficiar de empresas que já tiveram seu rali, mas que ainda têm espaço (para valorizar)”, completa Mamede.

Apesar disso, eles alertam que é necessário ter uma visão de longo prazo, pois o cenário doméstico continuará ruim por mais algum tempo.

Para conferir a análise completa de Heilberg, da HIX Capital, e Mamede, da AZ Quest, veja o episódio 139 do Stock Pickers.

Henrique Esteter

Henrique Esteter é especialista de mercados do InfoMoney e apresentador do Stock Pickers