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Médicos recomendam que os pacientes evitem alimentos processados, com alto teor de açúcar ou gordura saturada, pois o consumo frequente desses alimentos pode aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas, incluindo condições neurológicas como derrame e demência.
Apesar disso, o neurologista Baibing Chen, em entrevista à CNBC, afirma que há outros alimentos menos conhecidos que ele evita pessoalmente para prevenir problemas neurológicos graves.
Alimentos enlatados danificados
O primeiro item destacado pelo neurologista é a comida enlatada de qualquer tipo. Se a lata estiver estufada, rachada ou muito amassada, pode ser um sinal da presença da bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo.
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Segundo o especialista, a toxina botulínica é uma das neurotoxinas mais potentes existentes, pois impede a liberação de um neurotransmissor que ajuda o cérebro a enviar comandos para os músculos se moverem.
Ou seja, o consumo dessa toxina pode causar paralisia dos membros, visão turva e, em casos graves, insuficiência respiratória. A doença pode ser fatal se não houver a aplicação de um antídoto.
Ele explica que o que torna essa toxina ainda mais perigosa é o fato de não ser detectável por cheiro, sabor ou aparência, e que aquecer o alimento não elimina a ação da bactéria. Ele reforça: “Na dúvida, jogue fora”.
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Peixes de recife, especialmente em áreas tropicais
Chen afirma que gosta de consumir peixe e incentiva seus pacientes a comer variedades como salmão, sardinha e truta, que são ricas em ácidos graxos ômega-3 e pobres em mercúrio.
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Porém, o alerta se acende para peixes tropicais maiores, como barracudas, garoupas, esturjões, moreias e olho-de-boi. O motivo é o risco de contaminação por uma neurotoxina chamada ciguatoxina. Essas espécies podem carregar a toxina, principalmente se forem capturadas em locais com recifes de corais, como o Caribe e o Pacífico Sul.
O neurologista explica que já viu casos de intoxicação por ciguatera. Os sintomas incluem sensação de frio, queimação, formigamento, tontura e até pesadelos vívidos. Como esses sinais são inesperados, podem ser confundidos, e o diagnóstico pode ser feito erroneamente, especialmente sem um histórico detalhado do paciente.
A ciguatoxina é estável ao calor, o que significa que, independentemente do tempo de cozimento do peixe, a toxina permanece intacta. Assim como a toxina botulínica, ela não tem sabor nem cheiro.
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A recomendação de Chen é evitar a ingestão de peixes predadores grandes, principalmente partes como fígado, ovas e cabeças, e tomar cuidado com áreas endêmicas.
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Carne de porco crua ou mal passada
Neste caso, o risco é a neurocisticercose, uma doença causada pela ingestão de ovos da tênia do porco (Taenia solium). As larvas podem afetar o cérebro, causando sintomas diversos, como convulsões, aumento da pressão intracraniana e quadros semelhantes à demência.
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A neurocisticercose é uma das principais causas de epilepsia adquirida no mundo. Embora não seja particularmente comum em países desenvolvidos, se você viaja com frequência para, ou passa muito tempo em, países em desenvolvimento (ou em locais com saneamento precário), é importante cozinhar bem a carne de porco e manter boa higiene das mãos.
Leite não pasteurizado
A pasteurização do leite consiste em um tratamento térmico que elimina microrganismos capazes de causar doenças. Apesar de o processo reduzir ligeiramente as concentrações de algumas vitaminas, o impacto nutricional é considerado mínimo.
Já o leite cru é amplamente reconhecido como fonte de patógenos perigosos, como Listeria, Escherichia coli e Salmonella. Chen explica que, embora poucas pessoas consumam leite não pasteurizado, os riscos envolvidos são muito maiores. Esse tipo de leite está ligado a cerca de 840 vezes mais casos de doenças e 45 vezes mais hospitalizações do que o leite pasteurizado.
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Os grupos mais vulneráveis são crianças, gestantes, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido, que apresentam maior risco de complicações graves. Algumas dessas complicações incluem síndrome hemolítico-urêmica, aborto espontâneo e até morte, segundo o especialista. Ele ainda relata que há casos documentados em que infecções causadas por produtos não pasteurizados resultaram em danos cerebrais irreversíveis, convulsões, meningite e coma.
Chen ressalta que não há nenhuma evidência científica de que o consumo de leite não pasteurizado reduza taxas de asma, câncer ou intolerância à lactose.