Vitória de Temer já é esperada na Câmara – mas mercado tem um bom motivo para ficar de olho na votação

Expectativa é de que a denúncia da PGR seja barrada na Câmara em votação que pode acontecer amanhã - mas o placar será decisivo para definir os próximos passos do governo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Agosto começa com todos os olhos voltados para a volta do recesso parlamentar e, claro, para a votação na Câmara dos Deputados sobre a admissibilidade da denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) contra o presidente Michel Temer. Pelo calendário estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, hoje, no primeiro dia de trabalho, o parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), contrário ao prosseguimento da denúncia, será lido em plenário às 14h. Amanhã (2) o parecer deverá ser votado pelos 513 deputados.

A  votação só será aberta quando pelo menos 342 dos 513 deputados registrarem presença em plenário. Maia decidiu adotar esse critério para evitar questionamentos futuros na Justiça. A exemplo do que aconteceu no impeachment da presidente Dilma Rousseff, a votação será nominal e aberta (no microfone). Para que a acusação da PGR siga adiante, são necessários 342 votos contrários ao parecer da CCJ que livra Temer da denúncia. 

Confiante na vitória, mas ainda em busca de quórum para a votação, o governo começou a estimular a presença até de deputados contrários a Temer, destaca a Folha de S. Paulo. Líderes governistas pediram a deputados que ameaçavam se ausentar para que também marquem presença, mas declarem abstenção na hora de pronunciar seus votos no microfone –o que conta para o quórum. Com essa articulação, o presidente pretende colocar entre 290 e 300 deputados no plenário –mesmo que nem todos sejam seus apoiadores– e constranger a oposição a também marcar presença, chegando ao número mínimo para que a denúncia seja votada. 

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Assim, o Planalto age para liquidar a votação o mais rápido possível, enquanto os partidos da oposição devem se reunir ao longo desta terça-feira para traçar as estratégias de votação. 

Volta das reformas?

A vitória do governo já é esperada, uma vez que até mesmo a oposição admite não ter os 342 votos para o prosseguimento da denúncia. Mas então, por que o mercado deve ficar de olho na votação da Câmara? De acordo com a consultoria de risco político Eurasia Group, uma vitória do presidente Michel Temer por um placar relativamente amplo em votação de denúncia geraria efeitos sobre a adormecida agenda de reformas. Um placar dilatado permitiria que governo começasse a negociar uma versão diluídada reforma da Previdência, aponta relatório assinado por Christopher Garman, João Augusto de Castro Neves, Filipe Gruppelli Carvalho e Djania Savoldi. 

Segundo os analistas, Temer deve reunir o apoio de 250-270 deputados para rejeitar as denúncias contra ele em votação. Uma vitória pró-Temer por uma ampla margem também tornaria a votação de uma eventual segunda denúncia menos incerta e reforçaria as chances de Temer completar o mandato, com 60% de
probabilidade, segundo a Eurasia. A consultoria vê uma chance de aprovação de uma versão diluída da reforma da Previdência ligeiramente acima de 50%, em setembro.

(Com Bloomberg e Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.