Testemunhas relatam ter encontrado vítimas amarradas pelos punhos em operação no Rio

Mãe relata que filho de 21 anos foi abandonado em área de mata; ação na Penha e no Alemão deixou mais de 100 mortos

Marina Verenicz

Pessoas observam enquanto corpos de vítimas são levados para um hospital, no dia de uma operação policial contra o tráfico de drogas na favela da Penha, no Rio de Janeiro, Brasil, em 28 de outubro de 2025. REUTERS/Aline Massuca
Pessoas observam enquanto corpos de vítimas são levados para um hospital, no dia de uma operação policial contra o tráfico de drogas na favela da Penha, no Rio de Janeiro, Brasil, em 28 de outubro de 2025. REUTERS/Aline Massuca

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Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, afirmaram ter resgatado corpos em uma área de mata próxima à comunidade, onde ocorreu parte do confronto entre policiais e suspeitos durante a megaoperação deflagrada na terça-feira (28). O local fica na região do Campo da Vacaria, que liga os complexos da Penha e do Alemão.

Entre as vítimas está Wellington Brito, de 21 anos, cujo corpo foi encontrado pela mãe, Taua Brito, com os pulsos amarrados por uma corda, segundo relatou ao portal UOL.

“Dava tempo de socorrer. A corda mostra que ele estava preso, amarrado em algum lugar. Deixaram meu filho morrer”, afirmou.

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Taua contou que, na véspera, procurou o filho no Hospital Getúlio Vargas, onde teria sido informada de que ele estava detido.

Os moradores relataram que eles próprios retiraram os corpos da mata e os transportaram em mototáxis até a rua principal da favela. Testemunhas afirmaram que a polícia bloqueou o acesso à área durante todo o dia da operação, alegando questões de segurança.

Pressão por investigação

Entidades de direitos humanos pediram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o envio de peritos internacionais ao Rio para acompanhar as investigações sobre as mortes.

Segundo dados oficiais do governo fluminense, a operação contra o Comando Vermelho (CV) resultou em 119 mortos, entre eles quatro policiais, e 81 prisões. A ação mobilizou 2.500 agentes das polícias Civil e Militar e foi considerada a mais letal da história do estado.