Sem ataque à Rússia e com foco em segurança alimentar, comunicado do G7 alivia impasse de Lula

Presidente brasileiro resistia a assinar qualquer documento potencialmente hostil a Putin

Estadão Conteúdo

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sessão de trabalho do G7 no Japão (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

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Os países-membros do G7 e seus convidados para a cúpula de Hiroshima fecharam um comunicado conjunto neste sábado (20) com foco na segurança alimentar e sem críticas à Rússia, devido à guerra contra a Ucrânia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é signatário do documento, e na prática o texto alivia o impasse no qual estava mergulhado o brasileiro, que resistia a assinar qualquer comunicado potencialmente hostil a Vladimir Putin.

O comunicado conjunto é resultante da reunião entre todos os chefes de governo presentes no evento, inclusive os convidados. No comunicado exclusivo dos países-membros do G7, o tom elevado contra a Rússia foi uma marca que será reforçada ao final da cúpula.

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O G7 reúne 7 dos 8 países mais industrializados do mundo (com a exceção da China) e é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. O grupo é coeso no apoio à Ucrânia, mas Lula e outros líderes de países em desenvolvimento adotam uma postura de neutralidade.

O peso da guerra entre Rússia e Ucrânia é reconhecido no texto conjunto, mas os signatários se limitam a dizer que vão trabalhar juntos para responder ao agravamento da crise de segurança alimentar global ampliada pelo conflito.

“A guerra na Ucrânia agravou ainda mais a atual crise de segurança alimentar em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos. Observamos com profunda preocupação o impacto adverso da guerra na Ucrânia e enfatizamos que ela está causando imenso sofrimento humano e exacerbando as fragilidades existentes na economia global”, diz o comunicado.

Negociação sobre o comunicado

Na semana passada, o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros, afirmou que o Brasil negociaria o texto de forma a manter o tom neutro adotado pelo país sobre a guerra.

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“Como é uma declaração sobre segurança alimentar e há efeitos do conflito na Ucrânia sobre acesso a alimentos — e nós sabemos disso —, uma referência inicial deverá ser feita ao conflito na Ucrânia. Naturalmente, o governo brasileiro negocia essa linguagem para que seja compatível com a linguagem que o Brasil tem usado sobre o tema”, afirmou o diplomata.

Ao longo da declaração conjunta, o G7 e seus convidados se comprometem a apoiar as exportações de grãos da Ucrânia e da própria Rússia, como forma de evitar um desabastecimento na cadeia global de suprimentos (os grãos russos não foram alvo de sanções dos países ricos por seu papel relevante na alimentação da humanidade).

“Estaremos trabalhando em conjunto para responder à atual crise de segurança alimentar, inclusive por apoio à exportação de grãos da Ucrânia e da Rússia, com a expansão e extensão do BSGI (Iniciativa de Grãos do Mar Negro)”, dizem os signatários do documento.

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O BSGI é um acordo da comunidade global que permite a exportação de grãos pelo Mar Negro, como forma de garantir o abastecimento mundial apesar da guerra. A Rússia renovou por mais 60 dias seu compromisso com o tratado nesta semana.

“Apelamos a todos os participantes da BSGI a continuar a implementar plenamente sua operacionalização, em seu potencial máximo e pelo tempo que for necessário, e enfatizamos a importância de permitir que os grãos continuem a chegar aos que mais necessitam”, diz o texto conjunto.

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