Sai Picciani, entra Quintão: por que Dilma precisa ter medo dessa mudança?

Ao se negar a indicar colegas pró-impeachment, o filho do tradicional político Jorge Picciani viu um motim incontrolável crescer no PMDB. Pior para o governo, que perdeu um posto importante de resistência

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Se oficialmente o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, preferiu adotar postura neutra ao dizer não acreditar em piora de quadro para o governo com a substituição da liderança do PMDB e manifestou respeito ao processo interno do principal partido da base aliada, a presidente Dilma Rousseff tem muitos motivos para lamentar a queda de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) do comando de uma sigla rachada.

Aliado do governo e grande responsável pela costura da mais recente reforma ministerial, que trouxe para o comando de seu partido também as pastas da Saúde e Ciência e Tecnologia, Picciani bem que tentou dar a sua parcela de contribuição para a construção de uma comissão especial de análise do impeachment mais fácil para o arquivamento do processo contra a presidente, mas foi repreendido por uma manobra bem-sucedida da ala opositora dentro da sigla.

Ao se negar a indicar colegas pró-impeachment, o filho do tradicional político Jorge Picciani viu um motim incontrolável crescer no PMDB. Os dissidentes organizaram uma chapa alternativa, e, com o apoio da oposição e da mão amiga do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conquistaram vitória expressiva sobre a chapa do governo. Por 272 votos a 199 em eleição secreta, quem quer a saída de Dilma do poder comemorou na noite de ontem. E movimento de repreensão a Picciani não parou por aí. As tropas opositoras avançaram e colheram assinaturas suficientes para rifá-lo do comando da legenda e pôr em seu lugar Leonardo Quintão (PMDB-MG).

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Desta forma, a ala rebelde do partido – que não concorda mais em fazer parte da base aliada – conquistou ainda mais força e começa a gerar novas pressões sobre Dilma em um território que ela ainda tinha importante apoio. A perda da liderança do PMDB para os “pró-impeachment” coloca a presidente em um quadro de muito maior dificuldades e exigirá novas estratégias do governo para que, ao final do processo, tenha ao menos os 172 votos necessários para barrá-lo no plenário da Câmara.

Político com trajetória no estado de Minas Gerais e patrocinado por empresas do setor mineral, Leonardo Quintão preferiu o tom conciliador ao assumir o cargo perdido por Picciani. Seu discurso durante coletiva de imprensa foi marcado por palavras que procuravam reforçar o processo democrático interno do partido – o que acabou como indireta ao seu antecessor pelas manobras recentes de apoio ao governo em detrimento às pressões do grupo opositor – e externo, da política brasileira. A ideia é tentar a unificação da bancada peemedebista, dividida sobretudo entre a turma do Rio de Janeiro e a dos outros estados.

Embora alegue não ter lado definido sobre o impeachment e reforce o processo democrático, argumentando não se posicionar de maneira favorável a A ou B por preferências próprias, Quintão não esconde de quem o conhece minimamente seu voto pela queda de Dilma Rousseff. Durante as últimas eleições, é importante lembrarmos que ele foi um dos parlamentares a disseminar o discurso da oposição.

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Há duas semanas, o InfoMoney entrevistou Leonardo Quintão para entender a tramitação do novo código de mineração, emperrado na Câmara há mais de dois anos. Clique aqui para conferir.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.