Quem é Joaquim Levy, o ex-ministro de Dilma que será o nome forte do BNDES com Bolsonaro

Levy, que é formado em engenharia naval e tem doutorado na Universidade de Chicago, foi secretário do Tesouro Nacional no governo Lula e ministro da Fazenda de Dilma Rousseff

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Um nome já bastante conhecido do mercado assumirá a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Joaquim Levy aceitou o convite e será indicado pelo presidente eleito para substituir Dyogo Oliveira, segundo a assessoria de imprensa do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Levy deve assumir o cargo sob a promessa de ampliar a interação do BNDES com os organismos multilaterais, como o próprio Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Essa não será a primeira vez que ele fará parte de um governo federal. Levy, que é formado em engenharia naval e tem doutorado na Universidade de Chicago, foi secretário do Tesouro Nacional no governo Lula, integrando a equipe montada pelo então ministro da Fazenda Antônio Palocci. 

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Mas sua passagem mais recente e notória ocorreu no segundo governo de Dilma Rousseff. Levy foi apresentado como futuro ministro da Fazenda em 27 de novembro de 2014. Ele iniciou seu trabalho com apoio quase irrestrito do mercado financeiro, que depositou no novo ministro toda a esperança de ajuste nas contas públicas e redução do déficit fiscal. 

O “Chicago Boy” assumiu a Fazenda com fortes críticas sobre o patrimonialismo e as políticas setoriais. “O patrimonialismo, como se sabe, é a pior privatização da coisa pública. Ele se desenvolve em um ambiente onde a burocracia se organiza mais por mecanismos de lealdade do que especialização ou capacidade técnica, e os limites do Estado são imprecisos”, disse, na época.

O prometido ajuste fiscal não veio como se esperava, mas não dá para dizer que Levy não trabalhou por ele. O então ministro trabalhava até as 2h da manhã no ministério rotineiramente, era exigente com sua equipe e trocava de assessores com frequência. Consciente da importância do Congresso na aprovação de medidas, Levy fazia pessoalmente o corpo a corpo com deputados e senadores.

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O economista ortodoxo ganhou algumas batalhas em prol do ajuste fiscal: cortou subsídios nos financiamentos dos bancos públicos, encerrou desoneração sobre a folha de pagamentos e aumentou impostos sobre gasolina e bebidas. Apesar de seu esforço, seu plano naufragou. 

A equipe econômica estimava economizar R$ 66,3 bilhões em 2015 e as medidas de aumento de tributos anunciadas por Levy pareciam ser suficientes para atingir o esforço fiscal. No entanto, ainda no início daquela que seria a maior crise econômica do Brasil desde a década de 1930, a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto), a inflação em crescimento e o aumento do desemprego minguaram a arrecadação e frustraram os planos de Levy e sua equipe. 

Com sua insistência em focar no ajuste fiscal diante de uma economia que afundava, o economista se tornou alvo de duras críticas até mesmo dentro do próprio PT. Em seus últimos dias como ministro, Levy falou do governo como se estivesse fora dele e, quando perguntado para onde ele iria depois do Ministério da Fazenda, respondeu com um tom bastante sarcástico: “eu vou para o Hotel Brisas” e disse estar em busca de “paz interior”. 

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Horas antes de deixar o cargo, demonstrou sua decepção em entrevista a jornalistas. “Não me sinto traído, mas um pouco decepcionado. As principais medidas de aumento da justiça tributária (não foram aprovadas). São medidas de sinalização positiva para a economia”, completou. 

Sua jornada no Ministério da Fazenda durou 351 dias e Levy passou o bastão para Nelson Barbosa, que tomou posse prometendo manter as políticas de Levy e encaminhar, ainda no primeiro semestre de 2016, uma proposta de reforma da Previdência para instituir uma idade mínima de aposentadoria. Também falhou na missão. 

Na sequência, Levy assumiu o cargo de diretor financeiro do Banco Mundial, em Washington, nos Estados Unidos e deixou de ser um assíduo frequentador das páginas dos jornais brasileiros. Porém, o seu nome voltou a aparecer com os rumores, cada vez mais fortes, de que ele será o novo nome forte do BNDES. A oficialização do nome de Levy para o cargo deve sair entre esta segunda-feira (12) e terça-feira (13), segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. 

Nova missão

Embora sua passagem pelo governo Dilma Rousseff não tenha sido exatamente aplaudida pelo mercado, que viu suas expectativas se frustrarem, o nome de Levy ainda é bem visto por se tratar de um economista liberal. Mas as expectativas sobre suas atribuições à frente do BNDES se dividem dentro da equipe de Bolsonaro.

De um lado, o grupo formado por militares, que tem uma visão um pouco mais estatizante, defenderia um BNDES menor, mas com alguma função no financiamento à inovação e aos investimentos em infraestrutura.

No grupo mais liberal, o BNDES poderia se dedicar apenas às privatizações de estatais e estruturação de projetos de concessões de infraestrutura à iniciativa privada. Essa função teria prazo de validade. Vendidas as estatais e concedidos os principais projetos de infraestrutura em carteira, o BNDES poderia até mesmo ser extinto.

Levy terá uma nova oportunidade no governo brasileiro após uma passagem triste no ministério da Fazenda durante o governo Dilma. Porém, com um BNDES mais enxuto, dificilmente ele terá o protagonismo que teve quatro anos atrás – mas será um reforço de peso para a equipe econômica do governo Bolsonaro. 

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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