Queda de Temer pode demorar mais de sete meses, diz Financial Times

Em texto intitulado "How Brazil's Michel Temer could be tried for corruption", publicação britânica tenta explicar passo a passo da tramitação da denúncia e o contexto em que tal ofensiva se insere

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O presidente Michel Temer enfrenta a luta de sua carreira política enquanto o Congresso brasileiro avalia se ele deve ou não se tornar réu de ação penal no Supremo Tribunal Federal, em um imbróglio que pode durar mais de sete meses. Esse é o alerta que faz o jornal Financial Times para explicar a crise política que vive o Brasil.

Em texto intitulado “How Brazil’s Michel Temer could be tried for corruption” (Como Michel Temer poderia ser processado por corrupção, em tradução livre), a publicação britânica tenta explicar passo a passo como funciona a tramitação da denúncia apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra o peemedebista por corrupção passiva e o contexto em que tal ofensiva se insere.

A matéria explica objetivamente a denúncia oriunda da gravação de conversa mantida pelo presidente e o empresário Joesley Batista, as garantias e obstáculos oferecidas pelo foro privilegiado do qual figuras políticas gozam durante o exercício de seus mandatos, e o caminho que a denúncia precisa percorrer antes de Temer tornar-se réu e ser afastado temporariamente do cargo por até 180 dias. Para tal, é necessária aprovação de dois terços dos deputados e confirmação da decisão pelo pleno do STF.

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“Se Temer for condenado, ele é cassado do mandato e Maia deve convocar eleições indiretas dentro de 30 dias, pelas quais qual o Congresso escolherá o novo líder até as próximas eleições, em 2018. Todo o processo pode levar até 7 meses ou mais, dizem os analistas”, ressaltaram os autores da matéria Joe Leahy e Andres Schipani.

Conta a dupla que as expectativas são de que o presidente sobreviva à votação da primeira denúncia no plenário da Câmara, mas ele deverá ser alvo de outras duas peças nos próximos meses. “Isso pode erodir seu apoio no Congresso enquanto os deputados começam a olhar para as próximas eleições”, explicam os autores do texto publicado no Financial Times.

Lembra a publicação que Temer assumiu o poder com uma ambiciosa agenda de reformas, com o objetivo de corrigir o quadro de deterioração fiscal do país. Se por um lado o apoio popular inexiste, por outro os empresários e mercados financeiros dão sustentação às medidas. O governo conseguiu avançar em muitas de suas pautas, mas o ponto principal — a reforma da Previdência — ainda não foi aprovado.

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“A favor de Temer joga a economia, que está emergindo de sua pior recessão da história, estabilizada desde o impeachment, com a inflação caindo para as mínimas em muitos anos. Sua principal esperança política consiste em resolver o escândalo da JBS rapidamente e retomar rapidamente o processo de reformas. Mas, quanto mais o caso se arrasta, pior a perspectiva para ele e suas reformas”, concluem os autores do Financial Times.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.