PSDB promete concluir prévias até o próximo domingo e diz que pode substituir aplicativo usado no processo

Processo foi suspenso ontem após falhas no aplicativo de votação. Dos 44.700 filiados inscritos para participar, menos de 4 mil conseguiram votar

Marcos Mortari

O ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio e os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP), pré-candidatos à presidência pelo PSDB (Montagem: Leonardo Albertino/InfoMoney)

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SÃO PAULO – Um dia após paralisar a votação pelas prévias que definirão seu candidato à Presidência da República nas eleições de 2022, o PSDB informou que concluirá a disputa até o próximo domingo (28). O pleito é travado entre o ex-prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio e os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

“A votação para escolha do candidato do PSDB à presidência da República será concluída até o próximo domingo, dia 28. A decisão foi tomada em conjunto pela direção do partido e pelos três pré-candidatos”, diz o partido em nota.

A votação foi suspensa no último domingo (21) após a constatação de uma série de falhas no aplicativo de votação destinado aos filiados. Dos 44.700 filiados que se inscreveram para participar da votação, menos de 4 mil conseguiram exercer seu direito até o presidente da sigla, Bruno Araújo, suspender o processo.

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Figuras históricas do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador licenciado José Serra (SP), não conseguiram votar. O candidato Arthur Virgílio foi outro impedido pelas falhas apresentadas pelo aplicativo desenvolvido pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs).

Na nota divulgada nesta noite, o PSDB reiterou que todos os votos até o momento registrados são válidos, estão armazenados com segurança e serão computados.

“O partido ainda aguarda manifestação da empresa contratada, a Faurgs. Se, até esta terça-feira, ela não oferecer garantias concretas de viabilidade e robustez da solução contratada, o PSDB adotará tecnologia privada para concluir o processo de prévias”, diz o texto.

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“Em qualquer alternativa, a integridade do processo eleitoral será rigorosamente observada” assegura o comando da legenda.

O candidato Eduardo Leite se disse surpreendido pela nota, que classificou como “equivocada” em entrevista a veículos de imprensa.

O governador gaúcho defendia que o processo fosse concluído em até 48 horas, sob pena de descaracterização da disputa com alteração substancial nas condições do processo – o que, segundo ele, poderia gerar questionamentos que podem “ferir a legitimidade” da candidatura vencedora.

Já Doria e Virgílio defendiam que a votação fosse retomada no próximo domingo e acusavam o adversário de querer acabar com o processo. Alguns aliados de Leite chegaram a defender que as prévias ficassem para fevereiro de 2022. Muitos não escondem a preferência em ver o partido sem representante próprio na próxima corrida ao Palácio do Planalto.

Em nota, a campanha de Leite afirmou que ele foi o único candidato que passou a tarde na sede do partido em Brasília aguardando os laudos técnicos sobre as falhas no aplicativo que inviabilizaram a votação na véspera, mas que não obteve retorno algum.

“São perguntas que até o momento não foram respondidas: o que houve com o aplicativo? Ele tem condições de continuar sendo o instrumento de votação? Houve algum ataque hacker? O app de votação será substituído? Por qual instrumento? De qual empresa? Com qual segurança técnica?”, questionou.

“Reafirmamos a posição da campanha de que haja a votação o mais rápido possível, e confiamos na condução do presidente Bruno Araújo em direção à manutenção da credibilidade e da confiabilidade deste processo de prévias”, concluiu.

Bruno Araújo disse que “se depender exclusivamente” dele, as prévias estarão concluídas até domingo. Segundo ele, na manhã de terça-feira (23), técnicos realizarão testes para verificar alternativas tecnológicas para a votação. Doria e Virgílio manifestaram apoio à solução anunciada pelo comandante da sigla.

Nas prévias tucanas, o eleitorado é dividido em quatro grupos, cada um com peso unitário de 25% do total de votos válidos. São eles:

I) Filiados ao partido;

II) Prefeitos e vice-prefeitos;

III) Vereadores, deputados estaduais e distritais;

IV) Governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional do partido.

No caso dos grupos I, II e IV, os votos atribuídos a cada candidato são divididos pelo número total de eleitores de cada, e os resultados são multiplicados por 0,25.

Já o grupo III é dividido em dois subgrupos, com igual peso. Neste caso, os votos atribuídos a cada candidato são divididos ao total de eleitores de cada subdivisão e posteriormente multiplicados por 0,125. Ao final, é feita a soma das duas categorias.

É considerado escolhido como representante do PSDB no pleito de 2022 o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, considerado o resultado do somatório da votação obtida em cada grupo com os devidos pesos.

Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta dos votos, os dois mais bem posicionados disputarão segundo turno, sendo escolhido o mais votado, seguindo os mesmos critérios descritos.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSDB tem 1.354.901 de filiados. Deste grupo, apenas 44.700 se cadastraram para votar nas prévias (ou seja, 3,30%).

Governadores, prefeitos, vices, senadores, deputados federais, deputados estaduais, o presidente nacional e os ex-presidentes do partido votaram presencialmente, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A expectativa da sigla era que 700 mandatários fossem votar presencialmente neste domingo.

Vereadores e filiados votaram pelo aplicativo “Prévias PSDB”. Também podiam fazer uso do dispositivo os integrantes do grupo especial que não puderam participar do evento na capital federal. O voto é secreto.

Nos bastidores, há uma avaliação de que Eduardo Leite leva vantagem entre os integrantes do grupo IV, a cúpula do partido. Já Doria conta com maior apoio entre os filiados em geral, que compõem o grupo I, sendo que 62% dos filiados habilitados a votar estão em São Paulo.

A novela provocada pelos problemas no aplicativo traz mais incertezas ao processo tucano, que já vinha sendo contestado por candidatos, eleva riscos de judicialização do processo e aumentam a divisão no partido. Para analistas políticos, os problemas também podem prejudicar o futuro escolhido na busca por aliados na corrida presidencial.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.