Precisamos defender reforma da Previdência de R$ 1 trilhão, diz Vinicius Poit

Para deputado do Partido Novo, é possível aprovar proposta ambiciosa, mas esforço também precisa passar pelo presidente Jair Bolsonaro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo na construção de uma base de apoio efetiva no Congresso Nacional e da reforma da Previdência em tramitar na Câmara dos Deputados, é possível aprovar uma proposta com significativas mudanças no atual sistema de aposentadorias e impacto fiscal de R$ 1 trilhão em dez anos. Essa é a leitura que faz o deputado federal Vinicius Poit (Novo-SP), convidado do programa InfoMoney Entrevista desta sexta-feira (26). Assista à íntegra pelo vídeo acima.

“É possível e temos que defender mais [de R$ 600 bilhões de impacto fiscal em dez anos]. Tem que defender perto de R$ 1 trilhão. O cobertor é curto. Quer que seja menos, então escolha quem vai sofrer”, afirmou durante a entrevista. Para ele, caso seja aprovado um texto mais modesto, o mundo político terá de revisitar o debate previdenciário em um futuro próximo, talvez daqui a 4 anos, a depender do tamanho da desidratação.

Parlamentar em seu primeiro mandato, Poit tem se destacado como um dos principais defensores da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) apresentada em fevereiro pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Foi assim na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), onde o texto foi aprovado por 48 votos a 18 após uma série de tropeços, e deve ser assim na recém-instalada comissão especial para a qual foi indicado por seu partido como membro titular.

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Na avaliação do deputado, é fundamental para a ala pró-reforma agir com estratégia e evitar cair em “armadilhas” de opositores, que lançarão mão de uma série de instrumentos para obstruir os trabalhos. Além disso, ele advoga pela necessidade de Bolsonaro defender a proposta de forma mais enfática, mas reconhece que declarações recentes dadas pelo presidente sobre um impacto fiscal mais brando atrapalham nas negociações.

Na última quinta-feira, o mandatário afirmou que as mudanças precisam representar economia de pelo menos R$ 800 bilhões em dez anos. A marca é R$ 200 bilhões menor do que a desejada pelo ministro Paulo Guedes (Economia), que pede uma reforma que gere “potência fiscal” suficiente para o início da transição para um modelo de capitalização.

“É óbvio que atrapalha [quando Bolsonaro fala em economia menor]. Se estamos aqui negociando e defendendo uma posição, é óbvio que ele falar em R$ 800 bilhões atrapalha”, observou Poit.

“Mas eu prefiro até que o presidente solte [uma declaração como a de] R$ 800 bilhões ou do BPC, que não ajuda muito, mas que ele se comunique, que ele vá para cima e defenda a previdência, porque o presidente consegue falar com mais gente. Ele teve mais de 57 milhões de votos. Ele consegue comunicar e trazer a população para defender a reforma. Então, prefiro que ele fale e de vez em quando fale algo que não está tão alinhada com o ministério da economia do que não fale”, complementou.

Pelo calendário de Poit, a reforma previdenciária deverá ser aprovada no plenário da Câmara dos Deputados somente a partir de agosto, na volta do recesso parlamentar. Já no Senado Federal, isso deverá ocorrer só em outubro ou novembro. 

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.