Para o mercado, governo Bolsonaro só começa em fevereiro

Daniel Cunha, estrategista-chefe global da XP Investments, acredita que o cenário é de lua de mel pelos próximos 3 meses

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Bolsonaro está em plena lua de mel política após ser eleito com uma força vista apenas em 2002. Mas o mercado só poderá ter um diagnóstico sobre o próximo governo daqui a cerca de 3 meses, no início de fevereiro.

Para Daniel Cunha, estrategista-chefe global da XP Investments, antes das eleições do presidente da Câmara e do Senado não será possível compreender a verdadeira capacidade política do novo presidente do Brasil. Esta pode ser uma das razões para o movimento da bolsa e do dólar nesta segunda-feira

“Até lá, é um período baseado muito no discurso, na fala, no aceno”, disse Cunha em entrevista ao InfoMoney no próprio domingo eleitoral. Considerando a inexperiência de Bolsonaro em cargos executivos, é impossível desenhar algo mais concreto por ora. Confira o trecho no player acima.

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“A gente conhece o candidato Bolsonaro, o candidato Bolsonaro e agora começa a esboçar quem é o presidente”, comenta. Visualizando uma “linha de evolução”, o mercado dá o benefício da dúvida ao candidato eleito, apesar de posicionamentos negativos anteriormente ao período eleitoral – acenando até para o autoritarismo.

No dia D, um mês após a posse oficial, já será mais palpável saber se o presidente Bolsonaro ainda é a mesma pessoa que o deputado Bolsonaro. “Se fosse, a gente teria muito mais aversão ao risco”, diz Cunha.

Também será importante analisar o que ele chama de “antessala política”: caso se desenhe uma Câmara e um Senado dispostos a aprovar as reformas aguardadas pela classe financeira, a reação positiva deverá ser mais consistente.

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“Embora se discuta votar este ano a reforma da previdência proposta por Michel Temer, não temos visto a mesma disposição na Câmara dos Deputados. Mesmo no entorno de Jair Bolsonaro este tema não é um consenso”, escreveu a XP em um relatório. 

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Para os analistas, uma eventual reeleição de Rodrigo Maia (DEM) para a Câmara significaria um “bom reforço” para a agenda de reformas.

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Outro cenário na casa é visto como “o maior risco político que enxergamos neste momento”. A XP explica: “se Maia não obtiver o apoio do governo pode, dada a sua boa relação com os partidos de oposição, derrotar o governo com os votos do centro democrático e oposição”. 

No Senado, o cenário é ainda mais incerto. Sem base governista forte – nem Magno Malta foi eleito -, ainda é uma incógnita o nível de apoio que Bolsonaro terá entre os senadores. “É evidente que o governo trabalhará para construir um nome para a Presidência do Senado que, se não puder ser alguém de seu agrupamento político, possa ser um nome com canais de diálogo abertos”, opina a XP. 

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney