Para Arthur Vigílio, ex-diretor do Senado não agiu sozinho em atos secretos

Parlamentar afirma que para ordenar a crise na Casa, Sarney deve tomar "atitudes firmes", rompendo com a "camarilha"

Anderson Figo

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SÃO PAULO – O senador Arthur Vigílio (PSDB-AM) afirmou nesta segunda-feira (22) que o ex-diretor do Senado, Agaciel Maia, não atuou sozinho nos casos em que vem sendo acusado. O ex-diretor é apontado por ter ordenado que atos administrativos, utilizados para a criação de cargos e aumento de salários, ficassem em segredo.

Além disso, Maia também é acusado de não ter declarado um imóvel à Receita Federal, o que resultou em uma exoneração. “Eu duvido que o senhor Agaciel Maia tenha praticado todos estes crimes sozinho. Tenho convicção de que tem senador atrás dele, tem gente com mandato por trás dele. Temos que saber isso sob pena de sermos incompletos, covardes e oportunistas”, afirmou Vigílio.

Fazendo afirmações mais ousadas, o senador comentou a acusação de que o ex-diretor estaria “tentando calar” alguns senadores. “Quem sabe não transformou em secretos atos que não deveriam ser secretos, para acumular poder. É a lógica do chantagista”, disse.

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Chantagem

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) declarou que foi alvo de chantagem por parte de Agaciel Maia. Segundo o parlamentar, um e-mail enviado a ele pelo ex-diretor informava que sua esposa teria ocupado um cargo de liderança do PDT no Senado. No entanto, segundo Buarque, sua esposa teria sido requisitada pelo senador Jefferson Péres, já falecido, para a liderança do PDT.

“Nestes seis anos (em que está no Senado), ela não deve ter ido cinco ou seis vezes em meu gabinete. Mas ela trabalha, há 26 anos e quatro meses na Câmara dos Deputados. Durante estes dez mil dias ela esteve para ficar à disposição da Liderança do PDT. Mas, ao saber que, para ficar ali, tinha mudado a regra nas relações Senado-Câmara, e seria preciso ocupar um cargo e ganhar uma gratificação, ela disse: estou de volta à Câmara antes de receber um único real do Senado”, explicou o senador.

Crise do Senado

Para colocar ordem na confusão instalada na Casa, o senador Arthur Vigílio declarou que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) deve adotar “atitudes firmes”, rompendo com a “camarilha”.

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“Se Vossa Excelência não tiver como romper com essa camarilha perderá as condições de governar esta Casa. Se romper com essa camarilha e tomar essas atitudes todas que levem a Casa ao respeito da opinião pública outra vez, Vossa Excelência me terá ao seu lado”, concluiu o parlamentar.