Novo líder da minoria tem desafio e dever de unificar oposição

José Guimarães é visto como nome de ponderação na bancada de enfrentamento à gestão interina de Michel Temer

Marcos Mortari

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A passagem do antigo líder do governo Dilma Rousseff na Câmara para a representação da minoria da casa promete trazer maior equilíbrio à oposição em um momento de reinvenção do PT após treze anos no poder. José Guimarães é visto como nome de ponderação na bancada de enfrentamento à gestão interina de Michel Temer, tendo em mente que não há espaço para o PT voltar a ser aquele partido de anos atrás, nem costurar acordos com quem acabou de substiruí-lo no comando do país.

Ao mesmo tempo, o deputado cearense não representa o nome que a presidente afastada realmente gostaria de ver no comando da minoria neste momento, embora alguns petistas acreditem no contrário, que sua indicação teve apoio decisivo da presidente que hoje é ré de processo de impeachment no Senado. A versão que mais sentido faz e tem maior aceitação no meio político, porém, é que a mandatária teria preferência por Sílvio Costa. Tal divergência de narrativas trouxe mais prejuízos do que bons frutos ao petista, que precisa fazer uso de jogo de cintura para superar a desconfiança. A recondução para o papel de líder indica eficácia das estratégias adotadas em um primeiro momento.

Para além das versões, o fato é que a oposição consciente e construtiva tende a ser o objetivo principal de Guimarães, que precisa se esforçar pela unificação das bancadas de esquerda em torno de uma agenda racional, argumentativa e concreta para ser capaz de ganhar espaço em um parlamento tão fragmentado, mas ao mesmo tempo hostil às bandeiras progressistas. Não deve ser tarefa fácil, observando-se o tamanho da coalizão governista costurada. Com o peso do centrão, uma esquerda à margem do processo decisório pode ser o desfecho mais provável.

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Cabe às novas lideranças mostrar o contrário. Cabe a elas provar que serão capazes da angariar apoio popular, unidade política e densidade parlamentar suficientes. A decisão do paulista Paulo Teixeira em abrir mão da disputa pela posição para apoiar Guimarães caminha nesse sentido e levanta esperanças para dias melhores ao PT e ao grupo agora opositor. Foi o primeiro passo de uma longa jornada em busca de um papel de oposição indispensável para a democracia brasileira. É momento de autocrítica e reinvenção do estilo PT de fazer esquerda. Se o partido quiser sobreviver e manter protagonismo no bloco, a única saída é a renovação, é buscar uma nova forma de fazer oposição.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.