Mudança no Banco Central e aumento da inflação devem antecipar alta dos juros

Para a Prosper Corretora, o cenário atual pode levar ao aumento da taxa básica de juros em 100 pontos-base em 2011

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SÃO PAULO – O atual contexto econômico do país pode pressionar uma antecipação na alta da taxa básica de juros, principalmente após a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) ter fica acima das expectativas do mercado e diante da saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central. Essa é a expectativa da equipe de análise da Prosper Corretora.

Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da corretora, a inflação no mês de novembro, de 0,86%, ficou acima do teto das expectativas, que era de 0,77%. Como a evolução recente no núcleo da inflação é uma boa medida para a tendência de preços ao consumidor, a política monetária pode ser reajustada antecipadamente. ” Há um consenso que existe uma defasagem do mecanismo de transmissão da política monetária sobre preços, e por isso, qualquer ajuste deve ser tomado de forma preventiva”, afirmou o economista.

Cenário atual preocupa
No último cenário de referência divulgado pela autoridade monetária, a projeção de inflação do IPCA para 2011 era de 4,6%, enquanto a taxa básica de juros – Selic – seria mantida em 10,75% ao ano e a meta fiscal de 3,3% do PIB (produto interno bruto) seria cumprida. Em uma análise junto aos analistas econômicos, o Banco Central apurou recentemente qual seria o impacto da contração fiscal de 1% do PIB sobre a inflação e o resultado obtido foi o de que, na média, a inflação deveria recuar cerca de 0,5 ponto percentual.

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A corretora observou que o movimento inverso também é verdadeiro, ou seja, a expansão fiscal de 0,3% do PIB elevaria a inflação em cerca de 0,15 ponto percentual, cuja taxa original prevista já estava acima da meta central. Sendo assim, a nova taxa projetada seria no patamar de 4,75%.

Além disso, o analista acredita que a taxa de câmbio não deve recuar na média, não contribuindo para a redução da inflação, o que intensifica a necessidade de elevação da Selic em pelo menos 100 pontos-base. Acrescenta ainda, que essa elevação pode ocorrer a partir da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de janeiro de 2011.

“Para reverter essa situação, o governo deveria se comprometer com o ajuste fiscal, anunciando uma nova reprogramação com cortes profundos de despesas, mas ainda não se verificam sinais nessa direção”, avaliou o analista.

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Autonomia do Banco Central em dúvida
A equipe de transição do Governo confirmou nesta quarta-feira a indicação da presidente eleita Dilma Rousseff para a presidência do Banco Central, confirmando o nome de Alexandre Tombini, atual Diretor de Normas. A indicação ainda será submetida ao Senado para aprovação. 

Segundo a perspectiva da corretora, ele proporcionaria uma maior convergência entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda, o que tornaria o perfil de atuação do Bacen mais flexível aos patamares da inflação.

Segundo Eduardo Velho, essa característica dá margem aos questionamentos em relação aos instrumentos da política monetária. Há uma dúvida em relação à associação destes com o novo panorama fiscal, na magnitude e na velocidade necessárias.

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“A entrada do futuro presidente do Bacen coincide com a pressão de elevação da taxa básica de juros, cujo mercado de DI já precificou, mas aparentemente está muito esticado”, concluiu o economista.

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