“Mimimi” do mercado: Lula e Trump são motivos para tanta histeria na bolsa?

Semana foi marcada pela possível guerra comercial gerada por Trump contra a China e a decisão do STF que deu um alívio para Lula

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A semana termina com mais uma queda do Ibovespa, que continua seguindo a tensão externa de olho na “guerra comercial” que o presidente Donald Trump pode ter iniciado com a China. Por aqui, o destaque ficou para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) e o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas será que Trump e Lula realmente estão definindo o rumo do mercado?

Primeiro, é preciso analisar o movimento da bolsa. Nos Estados Unidos, uma queda de mais de 4% em dois dias realmente assusta, mas há de se ter em mente que o impacto do anúncio de Trump é direto nas empresas do país, o que justifica este temor todo. Mas quando se analisa o Ibovespa, fica claro que o mercado não tem tantos motivos para pânico, tanto que o desempenho não seguiu o exterior.

Se olharmos para esta última semana, apesar da queda de 0,60%, é possível dizer que a bolsa está “de lado”. Em momentos como este, é possível que más notícias façam alguns investidores venderem. Porém, isto também “alimenta” os compradores, quem enxergam um preço melhor para entrar.

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Na noite de quinta-feira (22), o STF decidiu adiar o julgamento do habeas corpus de Lula para dia 4 de abril e concedeu uma liminar que evita que ele seja preso até que a Corte tome uma decisão sobre o caso. A decisão é importante porque pode definir se o petista será ou não candidato à presidência, mas não tem impacto direto sobre a economia e o futuro do País, e, portanto, não justifica um forte mau ou bom humor do mercado agora.

Veja também: O que acontece agora? 10 respostas sobre a situação de Lula após o “alívio” dado pelo STF

Guerra comercial de Trump
Também na quinta, o mundo ficou de olho para o anúncio de Trump de impor um pacote de tarifas contra a China, com imposição de 25% em alguns produtos e restrições de investimentos chineses nos EUA e aquisições de tecnologia americana (veja mais aqui). Jornais locais avaliam um impacto entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões de importações da China em 1.300 produtos.

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Segundo os analistas do Credit Suisse, estes valores representam de 2,2% a 2,6% da exportação da China e entre 0,4% e 0,5% do PIB. “Alguns setores seriam mais impactados do que outros, mas olhando a economia como um todo, estimamos um impacto de 0,2% do PIB, ou menos”, afirmam. Para eles, o anúncio de resposta da China de US$ 3 bilhões de tarifas em uma série de produtos americados indica que o país tem mostrado uma preferência de negociação e não confronto.

O que se tem visto no exterior é muito mais uma tensão em relação ao futuro. A decisão de Trump em si não tem um impacto econômico relevante a ponto de criar um problema seja para os EUA ou para a China, mas levanta a questão se o presidente tomará mais atitudes como esta, seja novamente contra os asiáticos ou contra outras grandes nações. 

Copom surpreende
Voltando para os fundamentos, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de cortar a Selic para 6,50% seguiu as projeções, mas a sinalização de que os juros devem ser reduzidos novamente em maio surpreendeu a todos. E esta notícia tem real impacto na bolsa, seja nos juros futuros, que desabaram com a novidade, seja nas perspectivas de inflação e do PIB brasileiro.

Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou a Selic em 25 pontos-base, para 6,50% ao ano, e surpreendeu boa parte do mercado com seu comunicado, onde praticamente cravou que irá reduzir os juros novamente em maio. Com essa surpresa, os economistas correram para revisar suas projeções para a Selic, projetando manutenção da taxa nos níveis atuais ao longo de 2019, e os analistas para atualizar os modelos.

Como a taxa de juros é um parâmetro de risco, uma queda adicional gera um ajuste para cima dos múltiplos, ou seja, maior upside para as ações. Prova disso foi o comportamento do Ibovespa na quinta, com o índice encerrando em queda de 0,25%, enquanto Dow Jones desmanchou 3% com a “bomba” de Trump contra a China.

Perspectivas
Com o feriado deixando os mercados brasileiro e americano fechados na sexta-feira (30), a próxima semana terá foco em indicadores externos, em especial o PIB dos EUA na quarta-feira (28) às 09h30 (horário de Brasília). Um dia antes, às 8h, o Banco Central divulga a ata da reunião do Copom, com mais detalhes sobre a intenção de reduzir os juros novamente em maio.

Na quinta-feira (29), serão divulgados os dados de renda pessoal e inflação medido pelo Índice de Despesas de Consumo Pessoal dos EUA, indicador de inflação preferido do Fomc. O dado, que segue abaixo de 2,0% na comparação anual, deve ajudar o mercado calibrar o número de altas de juros pelo Fed ao longo do ano.

No campo político, todas as atenções estarão voltadas para o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que irá julgar na segunda-feira (26), o embargo de declaração impetrado pelos advogados do ex-presidente Lula. O julgamento começa às 13h30.

Confira a agenda completa da semana:

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Fonte: XP Investimentos

Especiais InfoMoney

Bê-a-Bá da Bolsa: Thiago Salomão, analista responsável pela Carteira Recomendada InfoMoney, explicou como montar uma estratégia para investir em ações com apenas R$ 200 mensais e os riscos e oportunidades do swing trade (clique aqui e confira).

Mundo Bitcoin: O programa recebeu o especialista Courtnay Guimarães, que falou sobre a tecnologia por trás das criptomeodas, o blockchain, e porque ele acredita que ainda não usamos este sistema em sua forma “final” (confira a análise completa aqui).

Como Viver de Renda Fixa: Com o resultado já esperado de corte na Selic, o analista-chefe da Rico Investimentos, Roberto Indech, explicou como ficarão os rendimentos de investimentos em renda fixa (veja a análise aqui).

Tesouro Direto Com Ganhos Turbinados: O professor do InfoMoney, Alan Ghani, explicou o tombo dos juros futuros e o que os investidores do Tesouro Direto devem fazer daqui em diante, com os juros em baixa (confira clicando aqui).

Fundos Imobiliários: finalmente, o mercado de imóveis corporativos dá sinais claros de recuperação, de acordo com Marina Cury, CEO da Newmark Grubb Brasil. Isso é resultado principalmente de fatores como a queda na inauguração de novos empreendimentos somada aos sinais de recuperação econômica (clique aqui e confira o programa na íntegra).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.