“Mestre da sobrevivência”: exterior repercute a façanha do presidente mais impopular do mundo

Publicações internacionais destacam decisão da Câmara dos Deputados de barrar a segunda denúncia contra Michel Temer e o "talento especial" do presidente para seguir no cargo

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Sem grandes novidades, mas ainda com algum mistério: foi assim que a decisão da Câmara dos Deputados de barrar a segunda denúncia contra Michel Temer – o presidente considerado mais impopular do mundo, de acordo com levantamento feito pela Eurasia Group – repercutiu no exterior. 

De acordo com a rede britânica BBC, Temer é um “mestre da sobrevivência”, enquanto outros jornais apontam que, “de novo”, o presidente conseguiu passar por mais um obstáculo. ”Manter o cargo mais alto do Brasil não é uma tarefa fácil em um país onde dois presidentes sofreram impeachment nas últimas três décadas e onde alguns dos nomes mais poderosos dos negócios e da política estão atrás das grades. Ainda assim, Michel Temer, o homem que ascendeu à Presidência de surpresa no ano passado, parece ter um talento especial para isso”, afirma a publicação.

Já o Financial Times lembra que, no mesmo dia em que houve a votação – concluída com 251 votos a favor do presidente e 233 contra – o presidente foi para o hospital para tratamento após sofrer uma obstrução urinária. Além disso, a publicação britânica ressalta que, apesar da forte impopularidade do presidente, ele garantiu os votos que precisava através negociações por apoios e cargos. 

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Outra questão, bastante abordada pela BBC, é sofre a aparente apatia da população brasileira, que não está indo às ruas apesar da forte oposição ao governo do presidente. Em entrevista à rede britânica, o professor do Insper Carlos Mello ressalta alguns pontos que explicam isso: o desencantamento e a falta de mobilização. 

O cenário de reformas após a votação também é abordado pelos jornais. O FT ressalta a fala de analistas que apontam que Temer já queimou uma parte do seu capital político, o que pode dificultar a capacidade do governo de aprovar a controversa, mas crucial, reforma da previdência. 

 A BBC também aponta que o presidente seguirá com o seu programa de reformas econômicas, algo que vem balizando o apoio de alguns setores produtivos e do mercado financeiro ao governo. “Quando chegou ao poder há 17 meses, Temer prometeu retirar o Brasil da recessão e levá-lo para um novo futuro. Ele ainda pode conseguir isso (…). Mas ele também está ganhando um lugar nos livros de história como um presidente que usou implacavelmente todos os truques disponíveis para evitar o julgamento, ao mesmo tempo em que o Brasil estava intensificando sua luta contra a corrupção”, afirma a BBC.

Continua depois da publicidade

Outro jornal a apontar a estratégia de Temer para “sobreviver” foi o The New York Times, com a fala de Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas: “a cronologia das liberações orçamentárias demonstram claramente que os gastos discricionários do governo estão sendo usados como barganha”.

Já ao The Guardian, Matthew M Taylor, professor da American University e integrante do Conselho de Relações Exteriores, observou que a durabilidade de Temer se deve, em parte, pelo fato de que tantos colegas políticos dele também são acusados de envolvimento em esquemas de corrupção. “À medida que você olha para o Congresso e reconhece que algo entre um terço e metade do Congresso está implicado no escândalo, não há muitas outras pessoas que tenham um perfil nacional que possam governar neste momento”, disse ele. Independentemente do motivo, os jornais destacam a forte resiliência do presidente. 

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.