Mercado exagerou no otimismo com novo presidente da Câmara? Especialistas respondem

O estrategista-chefe, Celson Plácido, e o analista político, Richard Back, ambos da XP Investimentos, promoveram um debate na InfoMoneyTV para tratar do assunto

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na na madrugada desta quinta-feira (14), Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados. A escolha empolgou o mercado, que vê um cenário mais favorável para o presidente interino Michel Temer. Mas será que a disparada da Bolsa neste pregão foi exagerada? Para tentar responder essa pergunta, entender melhor o momento político pelo qual o país vive e avaliar seus impactos no mercado, o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, e o analista político da mesma instituição, Richard Back, realizaram debate pela InfoMoneyTV na tarde desta quinta.

Escolhido para comandar a Câmara em um mandato-tampão para até fevereiro do ano que vem, Rodrigo Maia é deputado que tem como trunfo a imagem de “cumpridor de acordos” — um dos fatores que contribuiu para o apoio inclusive da esquerda. A derrota do principal candidato do “centrão”, Rogério Rosso (PSD-DF), colocou o ex-presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como o maior derrotado da disputa, hoje correndo risco ainda maior de ter seu mandato cassado por seus pares.

“Rodrigo é bastante conciliador. Há parlamentares com resistências a ele por ser supostamente arrogante, mas quem convive com maior proximidade não vê muito isso. Todos os gestos dele até agora têm sido no sentido de resgatar a instituição Câmara dos Deputados”, afirmou Richard Back lembrando também uma leitura que a própria oposição tem do novo presidente da casa.

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Para ele, o resultado da votação possibilita a formação de uma nova hegemonia na casa legislativa, com a derrocada do “blocão” e um possível ganho de importância do bloco formado por DEM, PSDB, PPS e PSB. “A Câmara estava muito sob a legislação pessoal e a interpretação de Eduardo Cunha do regimento”, observou o analista político da XP Investimentos durante o programa realizado no final da tarde desta quinta-feira.

Após um mandato conturbado com o peemedebista no comando, espera-se uma gestão mais equilibrada de Maia. “Eduardo Cunha foi um presidente bastante problemático. Você não vê isso no Senado, por exemplo, onde Renan Calheiros se mantém porque faz uma coisa que Rodrigo Maia se propõe a fazer: tratar os partidos de acordo com o tamanho que têm e com o que representam na Câmara; democraticamente. Isso tem muito valor. A convivência pacifica até mesmo em votações”, complementou Back.

Apesar da percepção de melhora no cenário político da Câmara, Back é mais cauteloso sobre a possibilidade de o governo avançar com pautas mais complexas na casa no curto prazo. Embora elogie a habilidade de se comunicar e fazer política da equipe de Temer em muitas situações, o analista chama atenção para um cenário de diversos feridos por conta da recente disputa não apenas na oposição, mas também na base do governo. A candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI), embora tenha mais ajudado do que atrapalhado o Planalto, em uma análise mais fria e distante dos acontecimentos, mostrou uma insatisfação dentro do partido do próprio presidente interino que precisará ser administrada. Ainda é cedo também para avaliar como vão se comportar os partidos do “centrão” e o que será do bloco nos próximos meses. O abraço entre Maia e Rosso pode significar menos do que pretendia e garantir menos do que se espera um acordo de paz mais longevo no Legislativo. Depois de uma disputa tão acirrada, um período de trégua para que uma nova conjuntura seja construída e assimilada pode ser necessário.

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Além disso, o analista da XP Investimentos lembra que a interinidade impede Temer de propor uma agenda mais ousada, ainda que a possibilidade de o Senado derrubar o impeachment de Dilma Rousseff seja muito baixa. O nível de popularidade reduzido também pode inibir os parlamentares a se comprometerem com tais esforços, que poderiam custar muito caro em ano de eleições municipais — fator crucial que esfria qualquer interesse maior em aprovar reformas como a da Previdência, além de encurtar o calendário político de um ano marcado por paralisia em Brasília. Desta forma, o investidor que espera uma reviravolta no cenário político com a eleição de Rodrigo Maia para o comando da Câmara pode não ter suas expectativas confirmadas no campo das reformas estruturais para a economia. A cautela ainda é a palavra de ordem em um mercado onde o imponderável da política rege o apetite ou a aversão a assumir riscos.

Assista à íntegra do programa:

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.