Mercadante defende taxar bets para compensar IOF: “Selic gera dívida, o IOF, receita”

Presidente do BNDES diz que Bets corroem finanças populares e cobra corte gradual dos juros

Marina Verenicz

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O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendeu nesta segunda-feira (26) o aumento da tributação sobre as casas de apostas online — as chamadas Bets — como alternativa para compensar os efeitos da recente alta no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A declaração foi feita durante evento da Nova Indústria Brasil, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília.

Para Mercadante, as plataformas de apostas estão “corroendo as finanças populares”, e sua tributação poderia ajudar a aliviar outros encargos sobre a economia formal.

“Se a gente taxar as Bets, é possível diminuir o impacto do IOF e criar alternativas mais saudáveis de arrecadação”, afirmou.

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O presidente do BNDES também criticou o IOF por seus efeitos colaterais sobre o custo do crédito. Segundo ele, o tributo contribui para uma política contracionista, que restringe a oferta de dinheiro e encarece os financiamentos.

“A Selic gera dívida. O IOF gera receita, diminui o problema da relação dívida-PIB na sustentabilidade. Mas precisamos olhar para os gastos estruturais e aumentar a eficiência”, disse.

Mercadante ainda voltou a cobrar uma redução gradual da taxa Selic, hoje no patamar de 14,75% ao ano, o maior desde 2006. “Vamos baixar a Selic, porque há espaço para isso. Deve ser feito de forma gradual, segura e sustentável”, declarou.

A fala ocorre em um momento de tensão entre o governo e o mercado financeiro, após o anúncio de ajustes no IOF para operações internacionais e crédito empresarial, medida criticada por diversos setores e parcialmente revertida pela equipe econômica. No centro da discussão estão as alternativas para equilibrar as contas públicas sem comprometer o crescimento ou a popularidade do governo.