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Diversas capitais brasileiras são palco neste domingo (21) de manifestações contra a PEC da Blindagem, que dificulta a abertura de processos penais contra parlamentares, e contra o Projeto de Lei da Anistia, que prevê perdão a condenados pelo ato golpista de 8 de janeiro de 2023.
Os protestos, convocados principalmente por movimentos sociais e partidos de esquerda, reúnem milhares de pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Belém, Maceió, Manaus, Natal, João Pessoa, São Luís, Cuiabá e mais cidades. A expectativa é que pelo menos 33 cidades tenham manifestações.
Os manifestantes pedem a rejeição da PEC no Senado e o fim do projeto de anistia, defendendo a responsabilização dos parlamentares e condenados envolvidos em crimes graves.
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Em São Paulo, o público se concentra na Avenida Paulista, em frente ao prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Até próximo das 13h, o movimento ainda era parecido com o dos domingos, quando as duas pistas permanecem fechadas para pedestres durante várias horas.
Poucos minutos depois, sindicatos, partidos como PT, PCdoB e PSOL e movimentos sociais estenderam faixas, levantaram bandeiras e distribuíram materiais diversos, como adesivos de “sem anistia” e leques de papel contra a “PEC da Bandidagem”.
O trio elétrico alugado, curiosamente um veículo que já apareceu em manifestações bolsonaristas, ficou estacionado do outro lado da rua, junto à entrada do Parque Trianon.
Foi possível encontrar manifestantes com o boné “O Brasil é dos Brasileiros”, adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela esquerda para contrapor o movimento “Maga” de Donald Trump, vestindo camisetas da Seleção brasileira e portando a bandeira do país.

No Rio de Janeiro, os manifestantes se reuniram na altura do Posto Cinco da Orla de Copacabana, para assistir aos shows dos cantores Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Djavan, entre outros, e para escutar os discursos de lideranças políticas.
Caetano Veloso disse, durante o ato musical, que a democracia no Brasil resiste. Segundo ele, a cultura nacional apresenta grande vitalidade: “Não podemos deixar de responder aos horrores que vêm se insinuando à nossa volta”.
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Gilberto Gil lembrou que o Brasil já passou por momentos semelhantes em sua história. “Passamos por momentos parecidos sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo”, afirmou.

O ato em Brasília foi marcado para as imediações do Museu Nacional e contou com uma passeata até a frente do Congresso. Os manifestantes carregavam faixas com dizeres “sem anistia para golpista”, “Congresso inimigo do povo” e “não à PEC da Bandidagem”.
Nos discursos de militantes e nos refrãos cantados por manifestantes também houve críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele decidiu pautar a votação da urgência do projeto da anistia que pode beneficiar Jair Bolsonaro e que agora está sendo tratado como “PL da Dosimetria” pelo relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
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Em Salvador, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) mostrou imagens do ato realizado a partir de Cristo da Barra. Além da cantora Daniela Mercury, o ator Wagner Moura discursou no trio elétrico para a multidão que se aglomerava no sol.

A capital mineira reuniu os manifestantes na Praça Raul Soares, que seguiram em marcha até a Praça Sete. De acordo com o site g1, os cartazes traziam dizeres como “Sem anistia”, “Não à PEC da bandidagem” e “Em defesa da democracia”.
A deputada federal e ex-candidata a prefeita de Belo Horizonte Duda Salabert atacou a PEC da Blindagem durante sua fala. No ato mineiro estavam confirmadas as presenças de Fernanda Takai, da Banda Pato Fu, e outros artistas mineiros.
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Em Manaus, os participantes caminharam pela Avenida Getúlio Vargas, exibindo faixas contra a “PEC da bandidagem” e a anistia.
Alvos
Os atos mobilizados pela esquerda no país miram o Congresso, com críticas duras ao projeto da anistia a golpistas e à proposta de emenda à constituição que ganhou o apelido de PEC da Blindagem, por dificultar a responsabilização criminal de parlamentares.
A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira, 16, com adesão massiva do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e também de outros partidos de oposição ao governo Lula. O PT, por sua vez, liberou a bancada e teve 12 deputados votando a favor da proposta no primeiro turno. Dois deles mudaram de posição na segunda rodada.
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O texto da PEC diz que deputados e senadores só poderão ser presos em caso de flagrante por crime inafiançável, amplia o foro privilegiado e ainda restringe processos criminais contra os parlamentares.
Ela segue para aprovação do Senado. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da proposta, sinalizou que se posicionará pela rejeição.
Já o projeto de anistia ainda segue na Câmara. Na última quarta-feira, 17, a Câmara aprovou urgência do tema. Na quinta, 18, o presidente da Casa, Hugo Motta, oficializou Paulinho da Força como relator do projeto.