Maioria reprova invasões em Brasília e vê responsabilidade de Bolsonaro e Ibaneis, diz AtlasIntel

Entre eleitores de Bolsonaro, levantamento mostra que maioria repudia, mas vê os atos como "justificados em parte"; intervenção no DF é apoiada por 69%

Marcos Mortari

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a invasão ao Palácio do Planalto (Foto: LUCAS NEVES/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO)

Publicidade

Os atos realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que culminaram na invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), no último domingo (8), em Brasília, foram reprovados pela maior parte da população brasileira.

É o que revela pesquisa realizada pela AtlasIntel, divulgada nesta terça-feira (10). Segundo o levantamento, 75,8% dos entrevistados discordaram da ação dos manifestantes, ao passo que 18,4% disseram concordar. Outros 5,8% não opinaram. A margem máxima de erro estimada é de 2,0 ponto percentual, com intervalo de confiança de 95%.

O instituto mostra que a discordância com os atos foi maior entre os homens (76,7%); cidadãos com Ensino Superior (78,3%); com idade entre 16 e 24 anos (80,2%), entre 35 e 44 anos (79,8%) e acima de 60 anos (78,4%); com renda familiar mensal entre R$ 3 mil e R$ 5 mil (88,4%); e das regiões Nordeste (88,8%) e Norte (76,6%).

Continua depois da publicidade

Considerando a declaração de voto no primeiro turno da última eleição presidencial, realizado em 2 de outubro, os maiores índices de reprovação às invasões às sedes dos Poderes foram vistos entre eleitores de Simone Tebet (100%), entre aqueles que votaram em branco ou nulo (97,7%), os que se abstiveram (97,5%) e os que apoiaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (96,9%).

Segundo o AtlasIntel, o repúdio aos atos é observado mesmo entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Neste grupo, 48,6% disseram discordar dos episódios do último domingo, enquanto 38,1% concordaram. Outros 13,3% não responderam.

O levantamento mostra, ainda, que 53% dos brasileiros entrevistados avaliam a invasão à sede dos Três Poderes, em Brasília, “completamente injustificada”. Outros 27,5% consideram a ação “justificada em parte”, e 10,5%, “completamente justificada”. Entre os eleitores de Bolsonaro, o quadro se inverte, e o primeiro grupo soma 9,5%, enquanto o segundo, 56,5%.

Continua depois da publicidade

Questionados se Bolsonaro seria o responsável pelas invasões, 50,2% responderam afirmativamente e 42,7% negativamente. Entre os que votaram nele no primeiro turno, 91% dizem que o ex-presidente não tem culpa no processo, e apenas 2,1% entendem o contrário.

No caso do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), 48,4% veem responsabilidade, e 31,4% não. O grupo dos que culpam o político estão concentrados majoritariamente entre eleitores de Simone Tebet (98,6%) e Lula (86,6%).

Para a maioria (54,6%), a polícia do DF foi conivente com os manifestantes. E 51,1% concordam com pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) de prisão de Anderson Torres, afastado do cargo de Secretário de Segurança do DF durante os atos, e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Continua depois da publicidade

A pesquisa também mostra que 69% dos brasileiros concordam com a decisão do presidente Lula de decretar intervenção federal na segurança do Distrito Federal. Outros 25,7% discordam. Entre aqueles que apoiaram Bolsonaro, 57,5% discordam e 30,6% concordam.

O levantamento foi realizado entre domingo (8) e segunda-feira (9), por meio de questionários aplicados pela internet, e durante a navegação de rotina na web pelos entrevistados em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo.

Foram 2.200 respondentes, pelo método Random Digital Recruitment (RDR), que busca conferir aleatoriedade ao questionário, e com uma amostra representativa da população brasileira, com pós-estratificações pelas variáveis de sexo, faixa etária, nível educacional, nível de renda, região e comportamento eleitoral anterior.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.