Ex-ministro de Bolsonaro compara 3º governo Lula a Getúlio Vargas: “Fora de época”

Chefe da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL), senador Ciro Nogueira (PP-PI) se diz amigo de Lula, mas critica atual governo e afirma que o presidente não consegue mais se comunicar com o povo

Fábio Matos

Ciro Nogueira, senador pelo PP do Piauí e ex-ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube/Lide)
Ciro Nogueira, senador pelo PP do Piauí e ex-ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube/Lide)

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O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já havia governado o país entre 2003 e 2010, é uma tentativa fracassada de repetir êxitos do passado. A avaliação é do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Nogueira foi uma das lideranças políticas que participaram de um evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), nesta terça-feira (14), em Nova York (Estados Unidos).

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“Eu comparo muito o que está acontecendo no Brasil com o retorno de Getúlio Vargas à Presidência. Ele tinha sido um presidente que implantou diversas reformas no país, mas, quando voltou, voltou fora de sua época. Não conseguia mais se comunicar com a população. Eu não falo da carta-testamento, mas do que aconteceu no seu governo”, comparou Ciro Nogueira, em alusão a Lula.

Getúlio Vargas (1882-1954) governou o Brasil por quase 20 anos, alternando períodos de democracia e ditadura. Inicialmente, ele esteve à frente do governo por 15 anos ininterruptos, entre 1930 e 1945. De 1937 a 1945, sob o período do chamado “Estado Novo”, Vargas foi um ditador, que assegurou sua permanência no poder após um golpe de Estado.

No segundo período como presidente da República, desta vez sob um regime democrático e tendo sido eleito pelo voto popular, no pleito de 1950, Vargas governou no país por 3 anos e meio, de janeiro de 1951 até o dia 24 de agosto de 1954, quando se suicidou.

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Integrante da base aliada dos dois governos anteriores de Lula, Nogueira admitiu ter boa relação com o presidente, mas reiterou as críticas à atual gestão federal.

“Tenho um respeito enorme pelo atual presidente da República. Considero até um amigo, apesar de fazer uma oposição sistemática ao seu governo, até por ter sido um importante ministro do governo Bolsonaro. Nós estamos, talvez, repetindo um fato histórico do que aconteceu no passado”, afirmou o senador.

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Já pensando na sucessão de Lula, em 2026, Ciro Nogueira disse esperar que o próximo presidente se inspire em Juscelino Kubitschek (1902-1976), que governou o país após Getúlio, entre 1956 e 1961, e se tornou célebre, principalmente, pela construção de uma nova capital federal, Brasília (DF).

Falando sobre Juscelino, Nogueira mencionou alguns nomes de políticos que estavam no evento do Lide e são cotados como potenciais candidatos da oposição à Presidência da República em 2026, como os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Ambos foram aplaudidos ao terem seus nomes citados pelo senador.

Apesar do aceno a Caiado e Ratinho, Ciro Nogueira segue fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Alguns de seus aliados mais próximos, no entanto, alimentam a esperança de que haja uma reviravolta na Justiça Eleitoral que permita a Bolsonaro disputar o pleito daqui a 2 anos.

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Temer critica oposição “destrutiva”

O ex-presidente Michel Temer (MDB), que governou o Brasil entre 2016 e 2018, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), também discursou durante o seminário do Lide nos EUA e fez críticas ao que classificou como comportamento “destrutivo” da oposição na política brasileira nos últimos anos, independentemente dos governos de turno.

“Vocês sabem que, em geral, no sistema democrático há situação e oposição. A oposição existe para ajudar a governar e ajuda quando critica, observa, contesta”, disse Temer. “Eu lamento dizer que não é isso que se aplica ao nosso país. E não é de agora. Incorporou-se ao nosso sistema que, se perder a eleição, o dever é destruir quem ganhou”, criticou.

Evento esvaziado

Por causa da tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul, o congresso do Lide ficou esvaziado pela ausência de diversas autoridades – como o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que permaneceram no Brasil.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”