Lula volta a falar em “genocídio” e ataca Netanyahu: “Condeno de forma veemente”

Em entrevista coletiva, presidente brasileiro disse que premiê israelense não cumpre resoluções da ONU. Lula também falou sobre guerra entre Rússia e Ucrânia e afirmou que solução não será militar, mas diplomática

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa na Assembleia-Geral da ONU (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa na Assembleia-Geral da ONU (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir o tom contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, e criticou as ações militares do país na Faixa de Gaza e os ataques desta semana no Líbano.

As declarações de Lula foram dadas em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (25), em Nova York (EUA), após cumprir uma série de compromissos e agendas bilaterais paralelos à Assembleia Geral das Nações Unidas – como a reunião de ministros das Relações Exteriores dos países do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana).

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza é uma coisa que não tem precedentes. Por mais que a ONU tenha discutido e tomado decisões, não há cumprimento de nenhuma decisão na ONU. A mesma coisa vale para a guerra da Ucrânia e da Rússia, que é uma guerra que nem precisaria ter começado”, afirmou Lula.

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O presidente brasileiro disse ainda que Netanyahu “foi julgado pelo Tribunal Internacional, que julgou o [Vladimir] Putin, e ele está condenado da mesma forma”.

“Já foram várias tentativas de paz e cessar-fogo aprovadas, mas ele simplesmente não cumpre. É preciso um esforço maior para fazer com que esse genocídio pare”, defendeu Lula.

“Eu condeno, de forma veemente, esse comportamento do governo de Israel. Tenho certeza de que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio.”

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Ainda segundo o presidente da República, “a humanidade não pode conviver e aceitar com normalidade o que está acontecendo em Israel, na Faixa de Gaza, no Líbano e na Cisjordânia ocupada”.

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Rússia e Ucrânia

Na entrevista coletiva, Lula também falou sobre o conflito entre russos e ucranianos e disse que “não existe nenhuma possibilidade de solução militar naquela guerra”. “É preciso que haja uma solução diplomática. É por isso que o Brasil tem insistindo na discussão pela paz”, afirmou.

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“Estamos defendendo que haja uma nova conformação geopolítica para que a gente tenha a totalidade dos continentes representada na ONU, inclusive no Conselho de Segurança, acabando com o poder de veto e aumentando o poder das Nações Unidas”, continou Lula. “A guerra já está durando quase três anos e me parece que não tem nada previsto para que haja uma negociação.”

Lula voltou a falar sobre a proposta de paz apresentada pela China, que conta com o apoio do Brasil. “Há uma proposta da China que sido elogiada por algumas pessoas, junto com o Brasil, e nós estamos dispostos a saber se os dois países estão interessados em conversar. Porque, se os dois não quiserem, não tem conversa”, disse.

Para Lula, a participação do Brasil na Assembleia-Geral da ONU “foi um momento de marcar posição em relação às coisas que estamos reivindicando há algumas décadas”.

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“Todo mundo sabe que o Brasil tem insistido e tentado articular com outros presidentes a necessidade de a gente renovar as Nações Unidas para que ela possa resolver conflitos que hoje estão simplesmente à deriva porque não tem governança global no mundo”, concluiu.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”