Lula: Trump quer “destruir multilateralismo”, mas Brasil buscará mais a China

Presidente reafirma que tarifaço dos EUA é político, não comercial, e que Brasil buscará novos mercados para compensar perdas, com foco nos BRICS

Paulo Barros

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (13) que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros é uma retaliação política e parte de um movimento para enfraquecer o comércio global baseado em regras multilaterais.

“Eu posso dizer para vocês que não é comercial. Eu acho que existe por trás disso uma necessidade muito grande de destruir uma coisa chamada multilateralismo, que é o que permitiu que o mundo tivesse um comércio mais equilibrado”, declarou durante a apresentação do pacote de ajuda para socorrer exportadores.

Segundo Lula, a resposta do Brasil será ampliar mercados e estreitar laços com parceiros estratégicos. Ele mencionou a conversa recente que teve com o presidente chinês Xi Jinping e reforçou que novas missões comerciais já estão agendadas.

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“Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro país. Eu liguei para o Xi Jinping essa semana. Pode se preparar que eu vou para a ASEAN em outubro para vender coisas do Brasil lá. Em janeiro já marquei com a Índia um grande evento para levar pelo menos uns 500 empresários brasileiros”, falou.

O presidente também informou que está articulando uma teleconferência com líderes do BRICS para discutir respostas conjuntas às tarifas e fortalecer a cooperação entre países afetados. “Dentro dos BRICS, nós vamos discutir o que podemos fazer para melhorar nossa relação entre todos os países que foram acertados. É assim que a gente vai tentar procurar as nossas alternativas para que os Estados Unidos aprendam que democracia, respeito comercial e multilateralismo valem para nós e devem valer para eles”, disse.

Lula acrescentou que não pretende adotar medidas precipitadas de reciprocidade, mas que o Brasil não aceitará ataques à sua soberania. “A única coisa que nós precisamos exigir é que a soberania nossa é intocável. Antes de brigar, a gente quer negociar. A gente quer vender e quer comprar. Mas, se for preciso brigar, a gente vai brigar.”

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)