Lula: ‘Eu quero que os indígenas participem da governança do meu país’

'Quando se reúnem os presidentes dos países ricos, as pessoas pobres não existem, indígenas não existem, os negros não existem', disse o presidente eleito

Anderson Figo

Lula no Egito, durante a COP 27, em encontro com lideranças indígenas (Reprodução/YouTube)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nesta quinta-feira (17) com representantes do Fórum Internacional dos Povos Indígenas/Fórum dos Povos sobre Mudança Climática, no Egito, como parte de sua programação na COP 27, cúpula das Organizações das Nações Unidas (ONU) para discutir os impactos das mudanças climáticas e as ações globais relacionadas à preservação do meio ambiente e à descarbonização.

“Eu tenho o compromisso de fazer com que o Brasil possa servir de exemplo com a política de parceria, de uma política em que pessoas não sejam tratadas como de segunda classe, que não ficassem recebendo dádiva do governo. O que quero é que indígenas brasileiros participem da governança do meu país”, disse o presidente eleito. “Nós temos a obrigação moral, obrigação ética, obrigação política de fazer a reparação para o que causaram aos povos indígenas, sobretudo no meu país.”

Lula criticou o fato de os representantes dos países ricos não falarem sobre as necessidades da população mais pobre e nem se unirem a eles para ouví-los em ocasiões como a COP. “Eu participei de todas as reuniões do G8 quando fui presidente da República, participei de todas as reuniões do G20 depois da crise de 2008. E a coisa que eu mais sentia é que não se falava dos problemas da sociedade nessas reuniões”, disse.

“Quando se reúnem os presidentes dos países ricos, as pessoas pobres não existem, os indígenas não existem, os negros não existem, a periferia não existe. Porque esse não é um assunto levado para a mesa de discussão”, completou. O petista voltou a dizer que pretende criar um ministério de povos originários para que os indígenas brasileiros possam tomar decisões sobre o que essa população precisa.

Responsabilidade fiscal x responsabilidade social

Mais cedo, em outro painel da COP 27, Lula havia criticado o cumprimento do teto de gastos em detrimento da destinação de recursos para a área social.

“Se não resolvermos problemas sociais, não vale a pena recuperar esse País. Não adianta só pensar em responsabilidade fiscal, temos de pensar em responsabilidade social”, afirmou o presidente eleito.

“Para cumprir teto fiscal, geralmente é preciso desmontar políticas sociais e não se mexe com o mercado financeiro. Mas o dólar não aumenta ou a bolsa cai por causa das pessoas sérias, e sim dos especuladores”, continuou.

Lula concordou que é preciso ter meta de inflação, mas também de crescimento. “Temos de ter algum compromisso com a geração de renda, com aumentar o salário mínimo acima da inflação. Quero provar que é possível acabar com a fome outra vez, gerar empregos.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.