Lula deve bater martelo sobre reforma ministerial na próxima semana

Presidente vem sendo cobrado por lideranças do "centrão" por mais espaço na Esplanada dos Ministérios em troca de apoio parlamentar

Marcos Mortari

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeira reunião ministerial no Palácio do Planalto (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, nesta quinta-feira (3), que irá promover mudanças na Esplanada dos Ministérios para ampliar a participação de partidos políticos na base de seu governo.

Em entrevista concedida mais cedo a um pool de rádios da Amazônia, Lula justificou a troca pelo interesse de contar com maior adesão às propostas de sua gestão no Congresso Nacional e abrigar legendas interessadas em aprofundar alianças. Ele disse, no entanto, ainda não ter batido o martelo sobre as pastas envolvidas no processo.

“Eu vou fazer ajustes no governo, porque nós temos interesse de construir uma maioria para que, até o final de 2026, a gente possa votar as coisas importantes de interesse do povo brasileiro. Por isso, a troca de ministros não pode ser vista como uma coisa absurda, como uma coisa menor. É uma coisa muito importante”, afirmou.

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“Temos partidos importantes que querem participar do governo, que querem fazer parte da base do governo. Nós vamos conversar com esses partidos. Eu não estou com pressa. As pessoas sabem que eu vou fazer e sabem que o presidente da República tem que tomar muito cuidado e [ter] muita responsabilidade, porque, quando você mexe no tabuleiro, você não pode mexer numa peça errada ou colocar uma peça errada”, disse.

Durante a entrevista, Lula disse que vai definir as movimentações na Esplanada dos Ministérios na próxima semana, quando retornar de uma agenda no Pará.

A declaração foi dada no dia em que Celso Sabino (União Brasil-PA) tomou posse oficialmente como o novo ministro do Turismo, substituindo Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), em cerimônia realizada no Palácio do Planalto. O parlamentar licenciado já trabalhava na pasta há mais de duas semanas, com sua nomeação publicada no Diário Oficial da União em 14 de julho, durante o recesso do Congresso Nacional.

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A expectativa é que os próximos passos da reforma ministerial contemplem indicações do Progressistas e do Republicanos ‒ siglas que integraram a base formal do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas que agora têm ensaiado aproximação a Lula, entregando apoio relevante a matérias de interesse do Palácio do Planalto no parlamento.

Nessas legendas, aparecem com destaque os nomes dos deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) para ingressarem ao governo, mas sem definição das respectivas posições. A tendência é que o primeiro fique com o Ministério dos Esportes, atualmente comandado por Ana Moser.

Nos bastidores, também se espera a oferta de espaços no segundo escalão. Neste caso, a entrega da presidência da Caixa Econômica Federal ao Progressistas é dada como certa entre integrantes do “centrão”.

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Parlamentares do grupo informal têm manifestado queixas da demora do governo em definir os espaços a serem oferecidos nesta reforma ministerial. Um dos embaraços envolve as resistências do PT, sigla de Lula, e do PSB, sigla do vice-presidente Geraldo Alckmin em ceder posições no Executivo.

Em meio ao impasse, a Câmara dos Deputados empurra a análise das mudanças feitas pelo Senado Federal sobre o projeto de lei complementar que trata do novo arcabouço fiscal (PLP 93/2023).

O presidente da casa legislativa, Arthur Lira (PP-AL), por sua vez, garante que a votação não tem relação com o andamento das trocas na Esplanada, mas o tema segue fora da pauta de votações do plenário na semana que vem.

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Ao deixar a reunião com lideranças partidárias, Lira disse que ainda não há consenso sobre as alterações feitas ao texto, mas que discussões serão conduzidas nos próximos dias. A conclusão da tramitação do novo marco fiscal no parlamento é tida como fundamental pelo governo para o encaminhamento do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, cujo prazo vai até 31 de agosto.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), negou que há crise. A jornalistas, ele disse que há “tempo de sobra” para discutir a matéria e pediu que não se inventassem “fantasmas” em torno do assunto.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.