Lira e Pacheco mantêm favoritismo para o comando do Congresso na próxima legislatura, dizem analistas

Os dois candidatos contam com a simpatia do governo Lula, mas analistas não esperam situação confortável para o novo governo no Congresso

Marcos Mortari

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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A uma semana do início da próxima legislatura, com a posse dos novos parlamentares e as eleições para as mesas diretoras das duas casas do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-AM) mantêm amplo favoritismo para comandar, respectivamente, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal pelos próximos dois anos.

É o que indica a 41ª edição do Barômetro do Poder, levantamento mensal com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional. Clique aqui para acessar a íntegra.

O levantamento, realizado entre os dias 17 e 19 de janeiro (o primeiro desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) três semanas atrás), mostra que 100% dos analistas consultados apostam na manutenção do comando das duas casas legislativas nas eleições de 1º de fevereiro.

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Esta edição ouviu 11 consultorias políticas: Control Risks, Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; Tendências Consultoria Integrada; e XP Política. E 3 analistas independentes: Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); e Thomas Traumann.

Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

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No Senado Federal, Pacheco conta com o apoio de bancadas numerosas, como de seu partido (o PSD), além de MDB e da federação formada por PT, PCdoB e PV. O União Brasil, sigla de Davi Alcolumbre (AP), aliado do parlamentar, também aparece nos cálculos.

Ele deverá enfrentar o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional, que busca aglutinar as forças mais alinhadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para derrotar o governo. Corre por fora na disputa o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se classifica como independente mas é alinhado a diversas pautas bolsonaristas.

Um fator que pode prejudicar as candidaturas mais à direita na disputa pelo comando das mesas diretoras são as manifestações golpistas de 8 de janeiro, em que um grupo de apoiadores radicais de Bolsonaro invadiu a sede dos Três Poderes, em Brasília. A reação ao episódio pode contaminar a disputa.

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Já na Câmara dos Deputados, Arthur Lira conseguiu reunir o apoio da maioria das bancadas partidárias, o que deve atrair votos que vão desde siglas da esquerda – como PT, PCdoB e PSB – até legendas que abrigam um núcleo fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Vale destacar, contudo, que o voto é secreto –  o que pode favorecer eventuais dissidências nas siglas, dependendo das candidaturas postas.

As mesas diretoras são responsáveis pela coordenação dos trabalhos legislativos e pelos serviços administrativos em cada casa. Aos respectivos presidentes, cabe a definição da pauta e a condução das sessões no plenário. Também ocupam a mesa secretários e vice-presidentes.

Todas as posições serão definidas em votações realizadas em 1º de fevereiro. Ao longo do dia, as bancadas partidárias poderão definir seus blocos (que serão usados no cálculo para distribuição proporcional de posições de comando nas comissões temáticas) e candidaturas para os cargos da mesa.

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Governabilidade

O Barômetro do Poder também ouviu as expectativas dos analistas políticos sobre a relação entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional na próxima legislatura. Segundo o levantamento 64% dos entrevistados esperam um ambiente positivo, contra 7% que projetam uma relação ruim. Outros 29% acreditam em um clima morno.

Considerando uma escala de 1 (muito ruim) a 5 (muito bom), a média das respostas sobre as expectativas para a relação entre os dois Poderes ficou em 3,57. Para 64% dos participantes, Lula deve ter um diálogo mais favorável com o parlamento do que seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Outros 7% discordam, enquanto 29% esperam poucas mudanças.

O levantamento mostra elevada dispersão nas estimativas para o tamanho da base de Lula nas duas casas legislativas. Dividindo os parlamentares em três grandes grupos (alinhados com o governo, de oposição e incertos), as projeções para a base de apoio da nova administração variam de 130 a 293 assentos na Câmara dos Deputados e de 21 a 46 assentos no Senado Federal. Já a oposição, na avaliação dos especialistas, deve somar algo entre 47 e 181 deputados federais; e entre 11 e 31 senadores.

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A média das respostas capturadas indica um grupo de 234 deputados alinhados ao novo governo – o que equivale a 45,61% dos assentos da Câmara. Este grupo pode crescer a depender da eficácia dos articuladores do Palácio do Planalto em avançar sobre um grupo de 136 parlamentares classificados como “indefinidos” pelos analistas. Neste recorte, a oposição somaria 143 representantes – ou 27,88%.

Já no Senado Federal, a média indica uma base de 37 parlamentares – o que equivale a 45,67% dos assentos, algo muito próximo ao observado na outra casa. Os “incertos” somam 20 assentos, o que em tese daria possibilidade de Lula construir maioria constitucional (3/5). Já o tamanho da oposição é estimado em 24 senadores – ou 29,63%, o que indicaria um cenário um pouco mais desfavorável ao governo na Câmara Alta.

“O governo ganhou algum respiro na relação com o Congresso após as invasões terroristas, e isso deve permitir negociação para aprovação de legislação. Ainda será necessária uma aproximação com setores da bancada evangélica, ainda muito reativa ao governo”, observou um dos participantes.

“O ataque golpista de 8 de janeiro foi um grande tiro no pé da direita radical, pois, além de isolar a oposição, fortalecerá as figuras do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Lula junto ao Congresso Nacional”, disse outro analista.

“O 8 de Janeiro vai escantear a bancada radical bolsonarista, que não condenou e muitas vezes incentivou a violência política”, acrescentou um terceiro especialista.

Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

Clique aqui para acessar a íntegra.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.