Líder do PT acionará STF contra decisão da Câmara que livrou Zambelli de cassação

Deputada presa na Itália teve seu mandato mantido após aliados justificarem que cassação seria submissão ao Supremo

Caio César

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) discursa da tribuna do plenário da Câmara (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) discursa da tribuna do plenário da Câmara (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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O líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias, afirmou na madrugada desta quinta-feira (11) que entrará com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal contra a decisão que rejeitou a cassação d o mandato de Carla Zambelli (PL-SP)

A Câmara dos Deputados decidiu manter o mandato de Zambelli ao rejeitar por 227 a 170 votos a cassação da parlamentar, presa na Itália desde julho. Para confirmar a perda do mandato, eram necessários 257 votos.

Lindbergh questiona a decisão, apontando que a Casa Legislativa não deveria ter aberto para votação a situação de Zambelli, mas apenas ter determinado a perda do mandato. “A decisão do Supremo é clara. Na decisão do ministro Alexandre de Moraes na condenação da deputada Carla Zambelli, ele cita ao artigo 55 da Constituição, que a Mesa da Câmara tem que fazer o afastamento. Estamos falando isso há seis meses. Não era nem para ter ido à CCJ”, justifica.

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A votação do plenário contrariou a decisão tomada horas antes pela CCJ, que havia recomendado a cassação com apoio de deputados do centrão. Em 2022, Zambelli foi a mulher mais votada do país para a Câmara, com mais de 946 mil votos.

O líder do PT na Câmara reforçou que entrará com o mandado de segurança para que eo STF possa decidir novamente sobre a deputada presa. Zambelli foi condenada a dez anaos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça junto ao hacker Walter Delgatti Neto.

Segundo a acusação, Delgatti emitiu uma ordem de prisão falsa contra o ministro Alexandre de Moraes e teria feito isso a pedido da parlamentar. Zambelli nega ter solicitado a ação ou participado da elaboração do documento fraudado.

Após a condenação, Zambelli fugiu do país. A deputada passou pela Argentina e Estados Unidos antes de chegar na Itália, país que tentou se abrigar por possuir cidadania e ser simpatizante da premier de direita, Giorgia Melloni. Ela foi presa no fim de julho após ordem judicial.

Disputa política

Durante a sessão desta madrugada, aliados de Zambelli argumentaram que a cassação seria excessiva e sinalizaria submissão da Câmara ao Judiciário. Deputados lembraram ainda que, segundo a Constituição, cabe ao Congresso deliberar sobre a perda de mandato em casos de condenações criminais.