Investidores estrangeiros têm medo de uma ruptura democrática no Brasil de Bolsonaro?

Jornais estrangeiros retratam o novo presidente do país como uma ameaça à democracia, com embasamento em suas atitudes; agora, buscam garantia de evolução

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Enquanto o mercado brasileiro espera uma guinada positiva a partir da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da república no último domingo (28), tudo indica que o capital estrangeiro ainda aguarda uma garantia essencial antes de apostar as fichas no país: a manutenção de um regime democrático.

Após inúmeras reportagens, capas e charges em veículos estrangeiros retratando Bolsonaro como uma ameaça às liberdades democráticas, é necessário que o agora presidente faça mais que o discurso para convencer os potenciais investidores “gringos” de que tomar o risco Brasil realmente valerá a pena.

Até lá, a chance de o dólar cair e a bolsa saltar é muito pequena: vale lembrar que 50% do capital negociado na B3 vem de fora do país.

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Na última segunda-feira, o The New York Times, principal jornal norte-americano, lembrou que Bolsonaro “exaltou a ditadura militar, defendeu a tortura e ameaçou destruir, prender ou mandar para o exílio seus oponentes políticos”. Tudo após ter feito um editorial intitulado “escolha triste” a respeito da liderança do então candidato.

Em outros países, o inglês The Guardian disse que uma “eleição dramática” deve “mudar radicalmente o futuro da quarta maior democracia do mundo”; o espanhol El País chamou o presidente eleito de “nostálgico da ditadura” e classificou suas atitudes como “antidemocráticas”. E estes foram só alguns exemplos da repercussão internacional das eleições.

Para Daniel Cunha, estrategista-chefe global da XP Investments, o motivo da desconfiança vem de um ‘Bolsonaro do passado’, que terá de demonstrar evolução se quiser reverter esta imagem. Confira a fala de Cunha no player acima.

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“A gente conhece o deputado Bolsonaro, o candidato Bolsonaro e agora começa a esboçar quem será o presidente”, disse Cunha em mesa redonda transmitida pelo InfoMoney no domingo. Ele considera, em sua fala, esses três “personagens” para compor a figura do político.

“A imprensa e alguns analistas tem como histórico para analisar o Bolsonaro o período em que ele era deputado. E aí sim, vai classificar como extrema-direita, ou como alguém que ameaça a democracia porque, de fato, o histórico dele como deputado te traz evidências que suportam esse tipo de afirmação”, analisa. “Se o deputado Bolsonaro for quem vai comandar o Brasil, teremos mais aversão a risco”, conclui.

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Contrariamente, o mercado brasileiro está otimista porque vê uma linha de evolução entre as personas Bolsonaro. “Com uma visão mais à frente, mais pragmática, o mercado vê uma caminhada muito mais ao centro, mais aberta ao diálogo e formação de consenso”, diz. “Então dá o benefício da dúvida”. Também segundo ele, esse mesmo benefício da dúvida não existiria em caso de vitória de Fernando Haddad (PT).

Fast Money vs. Real Money

Ao longo dos três próximos meses, é provável que o investidor estrangeiro especulativo aproveite os próximos três meses para lucrar com Brasil, mas o capital estrangeiro realmente relevante só virá a partir do ano que vem – provavelmente não antes de fevereiro.

“Temos dois grupos no mercado internacional, os chamados Fast Money e Real Money”, explica o estrategista. O primeiro “vem com janelas mais curtas de investimento, mais apoiadas em conjuntura”, diz. Mas essa frente não chega a causar deslocamento relevante no câmbio e nem garante disparada consistente na bolsa.

Já o Real Money, correspondente a alocações maiores de gestoras de trilhões de dólares, como a Black Rock, irá esperar a “resposta da reforma da previdência” para apostar seus recursos no Brasil, além da manutenção das estruturas democráticas. 

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney