Interventor diz que “não há hipótese de acontecer nada semelhante” ao 8 de janeiro

Segundo Cappelli, "aqueles que perderam nas urnas estão tentando criar um clima de crise no Brasil, mas não terão êxito"

Anderson Figo

Ricardo Cappelli, interventor federal na segurança do DF, em coletiva (Reprodução)

Ricardo Cappelli, interventor federal na segurança do Distrito Federal, afirmou nesta quarta-feira (11) que “não há hipótese de acontecer nada semelhante” ao que assistimos em Brasília no último domingo (8), quando bolsonaristas golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes na capital federal e praticaram vandalismo.

A afirmação de Cappelli foi em resposta a questionamentos sobre mensagens em redes sociais de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocando pessoas para novos ataques à democracia possivelmente hoje. Segundo o interventor, as medidas de prevenção já foram tomadas.

“Isso me dá segurança para garantir que nunca mais a capital federal verá o que aconteceu [no dia 8 de janeiro]. Com relação aos que pretendem repetir [os atos golpistas], o que eu tenho a dizer a eles é simples: a lei será cumprida. Não será admitido. A democracia é plena. O direito à livre manifestação existe e é sempre respeitado dentro daquilo que prevê a Constituição Federal. O direito à livre manifestação não se confunde ao terrorismo, não se confunde com atentado às instituições democráticas”, afirmou.

A entrevista coletiva foi concedida no Centro Integrado de Operações de Brasília (CIOB), na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). “Muita coisa circulou na internet, muito buchicho, fake news, e de ontem para hoje isso está crescendo. Eu quero tranquilizar a população”, afirmou.

Além do reforço no efetivo de policiais, foram adotadas barreiras de segurança que controlarão todas as pessoas que pretendem entrar na Esplanada dos Ministérios, caminho para a Praça dos Três Poderes, que foi palco dos atos golpistas do fim de semana. Os veículos só podem chegar até a Ala Leste, logo após a rodoviária, pessoas e mochilas serão revistados e itens que representem perigo serão confiscados, e só será possível chegar até a Avenida Sarney, um ponto que fica aproximadamente na metade da Esplanada.

Cappelli disse ainda que “não há crise, há uma tentativa de criar um ambiente de crise no país”. “O presidente Lula foi eleito para governar o Brasil, para recolocar o Brasil no caminho do desenvolvimento com justiça social, está fazendo isso. Os que tentam criar um ambiente de crise perderam nas urnas e não terão êxito”, completou o interventor.

Sobre a defesa do DF, Cappelli afirmou que “nós teremos hoje a mobilização máxima das nossas forças de segurança”. “A Polícia Militar, a Força Nacional, o Corpo de Bombeiros, toda a nossa força nacional, com a Polícia Federal nos apoiando com a inteligência, mas a gente faz o balanço de efetivo amanhã. Para a nossa estratégia, a divulgação do tamanho do efetivo antes da operação não é prudente”, disse. “Todas as forças estarão em alerta máximo.”

O interventor disse ainda que houve uma reunião na SSP-DF com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, na qual estava presente o ministro da Defesa, José Múcio. Ontem (10), surgiram boatos de que Múcio apresentaria um pedido de renúncia ao cargo, mas o próprio ministro divulgou nota no fim do dia negando os rumores.

Múcio tem recebido críticas por seu perfil moderado e, principalmente, por ter apostado que os acampamentos em frente ao QG do Exército em Brasília se dissipariam naturalmente após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — o que claramente não aconteceu e culminou nos atos golpistas de domingo. Ele chegou a dizer publicamente que via legitimidade democrática nas pessoas que estavam acampadas em frente aos quartéis.

A falta de comando foi apontada pelo interventor como motivo para a escalada dos acontecimentos do fim de semana. “Eu estou aqui agora, acompanhando de perto tudo o que está sendo feito. Hoje a gente tem comando. No domingo, o comando estava nos Estados Unidos. O efetivo não mudou. Os mesmos homens que estavam na operação exemplar na posse de Lula estão agora trabalhando comigo”, afirmou.

“O senhor Anderson Torres assumiu no dia 2, mudou a direção e exonerou e publicou as exonerações de boa parte do comando da Secretaria, e viajou para os Estados Unidos. Viajou, inclusive, sem estar em férias, porque as férias dele valiam a partir do dia 9 [de janeiro], conforme publicado no Diário Oficial da União. No dia 8, o secretário de segurança pública do DF ainda era formalmente o senhor Anderson Torres”, concluiu.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.