Indústria e comércio aprovam queda da Selic, mas ainda querem novos cortes

Classe trabalhadora acredita que corte é movimento correto, mas insuficiente, segundo presidente da Força Sindical

Viviam Klanfer Nunes

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SÃO PAULO – A decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, passando de 12% ao ano para 11,5% ao ano, foi relativamente bem avaliada pelos segmentos da economia brasileira. Tanto os principais representantes do comércio quanto da indústria comemoraram a decisão, mas frisaram que a taxa deve continuar caindo nas próximas reuniões.

Já os representantes da classe trabalhadora foram mais críticos quanto a decisão, avaliando que a redução poderia ter sido muito mais intensa.

Para Indústria, queda da Selic acompanha desaceleração da economia mundial
Um dos principais representantes da indústria a aprovar a redução da taxa Selic foi a CNI (Confederação Nacional da Indústria), avaliando a decisão como “acertada e em linha com as preocupações crescentes sobre o agravamento da crise econômica mundial e seus efeitos na expansão da economia brasileira”, de acordo com nota oficial enviada à imprensa.

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A CNI ainda avaliou que as dificuldades que a economia americana vêm enfrentando em conjunto com a crise fiscal na Europa poderão ser transmitidas à economia brasileira por diversos canais, a exemplo da redução da corrente de comércio e do fluxo de investimentos. A Confederação entende que essa situação já começa a provocar uma desaceleração da economia brasileira e vai refletir no cenário inflacionário, “não se justificando a manutenção de uma política monetária restritiva”.

Na mesma linha da CNI, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, aprovou a redução da taxa, defendendo sua trajetória de queda. “Meio ponto percentual corresponde a uma economia de R$ 8,5 bilhões aos cofres públicos, valor suficiente para construir 10 mil escolas ou 150 mil casas populares. Por isso os juros precisam continuar caindo”, afirmou Skaf.

Comércio: redução da taxa deve ser acompanhada de corte nos gastos
Os representantes do comércio no Brasil também aprovaram a redução da Selic e reforçam a necessidade de novos cortes e que essa queda seja acompanhada por uma política fiscal mais austera. Nesse sentido, conforme pontua o presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), Roque Pellizzaro, “a redução dos juros, em um momento em que a inflação oficial acumula alta de 7,31% em 12 meses, tem de ser combinada com um ajuste no gasto público, a fim de diminuir a pressão especulativa com o capital externo e o descompasso entre oferta e demanda”.

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Pellizzaro ainda explicou que, com a redução dos juros, o Brasil terá uma dívida pública menor, já que boa parte da dívida está indexada à taxa Selic. Assim, com menos dinheiro sendo destinado ao pagamento dos juros, sobra mais verbas para “investir no que é realmente necessário, como saúde, educação e infraestrutura”, finalizou.

Na análise da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), apesar da decisão ter sido vista como positiva, a Federação está mesmo preocupada com os próximos movimentos da taxa. “Para a próxima reunião do Copom, a Fecomercio-SP espera mais uma queda, do mesmo valor, encerrando 2011 com a Selic em 11% ao ano”.

Olhando para o final do ano, a Federação acredita que o momento é propício para novos cortes, sobretudo por conta dos indicadores inflacionários terem dado mostra de descompressão. Além disso, acreditam que o Banco Central entendeu que existe espaço para essas reduções na Selic e que isso irá promover um crescimento da economia brasileira.

Sindicato: redução positiva, mas insuficiente
Os representantes dos trabalhadores voltam com a mesma avaliação que tiveram no último corte da Selic. Para eles o governo continua tomando a decisão certa, ao cortar a Selic, mas errando na medida. “A redução é positiva, mas insuficiente”, ponderou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. A grande crítica dessa classe é de que os membros do Banco Central contribuem com os especuladores.

Mercado financeiro: decisão correta
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo, Keyler Carvalho Rocha, avaliou como correta a postura do Copom ao cortar a taxa Selic. Rocha ainda destacou que com essa decisão é possível ver com mais clareza que o BC agiu corretamente ao reduzir a Selic na reunião anterior, e continua acertando com o novo corte.

“Vale ressaltar que ainda consideramos o atual patamar da taxa de juros muito elevado, prejudicando diretamente o crédito e o consumo, em um momento de declínio econômico no Brasil e no mundo”, afirmou Rocha.

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