Hugo Motta é eleito presidente da Câmara dos Deputados com 444 votos, mas sem recorde

Médico de formação, Hugo Motta tem 35 anos e é natural de João Pessoa, capital da Paraíba

Equipe InfoMoney

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O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara para os próximos dois anos, com 444 votos.

Três candidatos tinham oficializado a intenção de disputar a presidência da Casa: além de Motta, Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS) se candidataram. van Hattem teve 31 votos e Vieira contou com 22, enquanto 2 votos foram em branco.

Ele não bateu o recorde da reeleição de Arthur Lira em 2023, quando teve 464 votos. A maior dúvida da tarde era se o agora novo presidente da Câmara bateria ou não a marca de Lira.

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O número de votantes se deve a um acordo de apoio a Motta que contou com 17 partidos, do PT ao PL (veja ao fim da matéria a lista completa). Ele derrotou dois adversários: o deputado Henrique Vieira (PSOL-RJ), que obteve 22 votos, e o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que angariou 31 eleitores.

Em discurso antes da votação, Motta prometeu humildade na gestão à frente da Casa, caso seja eleito. “Quero ser um elo na corrente, um elo forte, mas com a consciência de ser apenas um elo que não podemos deixar romper. Todas as vezes que romperam esta corrente, partiram a democracia”, disse.

Nascido em João Pessoa (PB), o novo presidente da Câmara é médico e vem de uma família de políticos. Seu pai, Nabor Wanderley (Republicanos), foi reeleito prefeito do município de Patos (PB), reduto eleitoral de Motta, em 2024. O avô paterno do parlamentar também foi prefeito da cidade, e o avô materno, deputado estadual.

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Motta está no quarto mandato de deputado federal. Ele iniciou sua trajetória na Câmara aos 21 anos, pelo MDB (à época, o nome do partido ainda era PMDB). Agora está no Republicanos, legenda presidida pelo deputado Marcos Pereira (SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e também a legenda do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Em sua trajetória, Motta executou papéis importantes. Foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Petrobras, em 2015. Também foi o relator do projeto conhecido como “Orçamento de Guerra” – mecanismo criado para suportar os gastos relacionados à pandemia de covid-19 – em 2020 e da PEC que autorizou o governo de Jair Bolsonaro a limitar os pagamentos de precatórios, em 2021.

Sua ascensão nos primeiros anos de Câmara se deu em parte à proximidade com Eduardo Cunha, que presidiu a Casa de 2015 a 2016. Cunha foi cassado e chegou a ser preso pouco tempo depois.

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A candidatura de Hugo Motta à presidência da Câmara foi lançada por Lira em outubro do ano passado. O anúncio contrariou expectativas de que o candidato da continuidade seria o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). Com a movimentação dos partidos em torno de Motta, Elmar desistiu da candidatura, assim como o líder do PSD, Antonio Brito (BA).

A manobra de Lira foi precedida por movimentos de Marcos Pereira. O presidente do Republicanos queria ele mesmo concorrer ao comando da Câmara, mas viu sua candidatura inviabilizada. Decidiu apoiar Hugo Motta e buscou a bênção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O petista consentiu, o nome de Motta ganhou força e o apoio de Lira praticamente sacramentou a eleição ainda em outubro de 2024.

Durante a sua campanha, Motta prometeu prezar pelo diálogo e defendeu o “fortalecimento do Poder Legislativo”. Dentre as pautas mais polêmicas que dependem de sua decisão, está o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, que está parado em uma comissão especial. Motta não disse ser favorável à proposta, já que o PT é contrário, mas já falou que vê “condenações acima do que seria justo”.

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O agora presidente da Câmara também deve dar rumo à proposta do governo sobre a regulação das redes sociais e sobre as novas etapas de regulamentação da reforma tributária.

Para deputados e consultores ouvidos pelo Broadcast Político, Motta entra no cargo sob a condição de cumprir acordos já definidos por Lira, sobretudo em relação ao orçamento deste ano, que ainda depende de aprovação no Congresso Nacional.

Segundo essas avaliações, num primeiro momento, Motta terá menos poderes que Lira. Porém, à medida que avancem as negociações sobre o Orçamento do ano que vem, o deputado do Republicanos ganhará mais protagonismo. Deputados governistas dizem ver em Motta maior estabilidade na relação entre a Câmara e o Palácio do Planalto.

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Veja os 17 partidos que apoiaram Motta, em ordem de tamanho de bancada:

PL – 92 deputados;

PT – 67 deputados;

União Brasil – 59 deputados;

PP – 50 deputados;

PSD – 44 deputados;

Republicanos – 44 deputados;

MDB – 44 deputados;

PDT – 18 deputados;

PSB – 15 deputados;

Podemos – 14 deputados;

PSDB – 13 deputados;

PCdoB – 8 deputados;

Avante – 7 deputados;

PRD – 5 deputados;

Solidariedade – 5 deputados;

PV – 5 deputados;

Cidadania – 4 deputados.

O número de deputados não necessariamente reflete quantos eleitores Hugo Motta teve em cada partido. Dissidências são comuns e, como o voto é secreto, não é possível saber com certeza quem apoiou quem.

(com Agência Estado)