Haddad, sobre queda de Prates na Petrobras: “Decisão do presidente da República”

"Eu sabia da intenção da troca no comando da Petrobras desde que os rumores noticiados se revelaram. Mas eu próprio não participei [da decisão]", afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT)

Fábio Matos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 28/12/2023 (Reuters/Adriano Machado)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 28/12/2023 (Reuters/Adriano Machado)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comentou publicamente pela primeira vez, nesta sexta-feira (17), a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, anunciada pelo governo federal na noite de terça-feira (14).

Em entrevista coletiva, Haddad afirmou que já tinha conhecimento da intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de trocar o comando da empresa. O chefe da equipe econômica, que não participou da reunião que selou a saída de Prates, lembrou que se trata de uma decisão e prerrogativa do chefe do Executivo.

“O presidente da Petrobras é quase um ministro. É uma pessoa que tem de ter uma relação muito próxima com o presidente da República. É natural que possa haver uma troca, a depender do julgamento do chefe do Executivo”, afirmou Haddad aos jornalistas. “Nós, ministros, procuramos auxiliar quando chamados. Eu mesmo fui chamado para dirimir a questão dos dividendos, que foi bem resolvida, na minha opinião. Mas é uma escolha do presidente da República.”

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A saída de Prates, que vinha protagonizando atritos públicos com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), não foi considerada uma surpresa pelo mercado – o momento do anúncio, sim. A demissão aconteceu um dia depois da divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Petrobras, cujo lucro recuou 38%, na comparação anual, para R$ 23,7 bilhões.

Um dos embates entre Prates e Silveira envolveu os dividendos extraordinários da companhia, cuja proposta de pagamento referendada pela assembleia de acionistas acabou ficando alinhada ao que havia sido sugerido pela diretoria comandada por Prates.

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O ex-presidente da Petrobras, que não mexeu nos preços da gasolina e do diesel neste ano, também sofreu pressões públicas para que a empresa investisse mais em gás natural e nos setores de fertilizantes e indústria naval.

Nos bastidores, Haddad era apontado como um aliado de Prates e defendia sua permanência na presidência da Petrobras.

“Eu sabia da intenção da troca no comando da Petrobras desde que os rumores noticiados por vocês se revelaram. Mas eu próprio não participei. Uma coisa é você opinar, falar o que pensa. A outra coisa é a escolha do nome, que é do presidente da República”, concluiu Haddad.

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A sucessora de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras será Magda de Regina Chambriard. Ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e ex-funcionária da Petrobras, onde trabalhou por 22 anos, Magda é diretora da assessoria fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e sócia da Chambriard Engenharia e Energia, que presta serviços de consultoria na área.

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“Má notícia” para Haddad, diz analista

Segundo Júnia Gama, analista política da XPque comentou a queda de Prates e a escolha de Chambriard durante uma teleconferência, na quarta-feira (15), em meio às primeiras repercussões no mercado sobre as mudanças na cadeia de comando da companhia, a troca na presidência da empresa não deve ter sido recebida como uma boa notícia.

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“Acho que é uma má notícia para Haddad. Ele queria que Jean Paul permanecesse”, afirmou Júnia. “Mas, há cerca de 1 mês, quando o próprio Haddad percebeu que não poderia fazer mais nada por Jean Paul, ele praticamente deixou a situação se resolver naturalmente”, observa a analista. “Não podemos dizer que seja uma derrota pessoal para Haddad, porque não é, embora ele preferisse que Jean Paul tivesse continuado na Petrobras.”

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”