Governo está perdendo a peleja e pitada de populismo pode ser imperativa para salvar reforma da Previdência, diz LCA

Para analistas, Placar do Estadão não é atestado de óbito para a reforma, mas governo pode precisar fazer gestos mais ousados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O mercado tomou um susto na véspera com o “Placar da Previdência” divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que mostrou que, hoje, apenas 96 deputados estariam dispostos a votar a favor da reforma e cerca de 250 estariam contra.

De acordo com a LCA Consultores, a notícia não é um atestado de óbito para a reforma da Previdência, com a consultoria fazendo um paralelo com a PEC do teto de gastos. “Em 29 de agosto do ano passado, pesquisa semelhante indicava que a PEC do Teto não seria aprovada. Na ocasião, 220 deputados afirmaram que votariam a favor da PEC do Teto. Pouco mais de um mês depois, 366 apertaram a tecla ‘sim’ para a PEC. O jogo para a reforma da Previdência ainda está em andamento”, apontam os analistas da consultoria.

Eles ressaltam que se está agora em um momento crucial para a reform. que é a hora de costurar politicamente um texto alternativo ao original capaz de aglutinar o apoio de no mínimo 308 deputados e que mantenha alguns pontos fundamentais, como a idade mínima de 65 anos para homens e uma regra de transição que alcance parcela relevante dos trabalhadores que já estão no mercado de trabalho. “A sinalização de que o relator Arthur Maia pode adiar a apresentação de seu parecer para a semana seguinte à Páscoa mostra que a amarração política não está sendo fácil”, avaliam.

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Assim, o placar mostra que, por enquanto, “acumulam-se evidências de que o governo está perdendo a peleja” e que precisa virar o placar, como fez no caso da PEC do Teto. “Como a batalha, desta vez, é mais difícil, gestos mais ousados talvez sejam necessários. Uma pitada de populismo pode ser imperativa para salvar a reforma”, afirmam os analistas.

Eles apontam algumas opções: “Michel Temer pode convocar uma rede de rádio e TV para defender a reforma e anunciar que abrirá mão de sua polpuda aposentadoria como procurador do Estado de São Paulo à qual fez jus quando tinha 55 anos. Também poderá ser útil na busca da maioria de três quintos para a aprovação desta PEC uma campanha publicitária mais agressiva, agora que o STF permitiu que o governo federal voltasse a veicular propaganda sobre esse tema”.

Além disso, conforme informam os jornais hoje, começa a ganhar forças algumas mudanças na proposta da Previdência. Segundo O Globo, o governo desistiu da regra de transição prevista na proposta de emenda constitucional (PEC) 287, que adota a idade como linha de corte para enquadrar os trabalhadores na reforma da Previdência. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.