Estão decididamente blindando o PSDB e atacando Lula e o PT, diz líder do partido

Em conversa com o InfoMoney, o deputado Afonso Florence disse que a nova fase da Operação Lava Jato evidencia uma "escolha que, às vezes, sequer possui indícios" por parte da PF

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira (22), a 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada “Acarajé”, que trouxe como alvo o publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Foi mais uma ofensiva da PF com potenciais estragos à imagem e às estruturas do PT e de um governo em crise.

Para alguns especialistas e políticos de Brasília, a nova operação tem por objetivo colaborar com o processo que corre contra Dilma e seu vice, Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral, oferecendo novas provas contra a chapa. A ação representada pelo PSDB pode culminar na cassação da chapa, em caso de fraudes eleitorais, como o suposto uso de recursos oriundos do “petrolão” para turbinar o caixa da campanha pela reeleição da petista. Recentemente, algumas movimentações do juiz Sergio Moro têm contribuído para encorpar as evidências apresentadas pelos tucanos à corte.

Em conversa por telefone com o InfoMoney, o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), disse que a nova fase da Operação Lava Jato evidencia uma “escolha que, às vezes, sequer possui indícios” por parte da PF. Para ele, a “investigação ataca Lula e o PT, enquanto há apenas quatro delatores contra Aécio Neves”. “O povo brasileiro espera as investigações, mas parece que, evoluindo desse jeito, vão desmoralizar a delação premiada, o Ministério Público e a Justiça Federal“, afirmou o novo líder petista na casa. Para Florence, há um “jogo político e midiático”, que atrapalha no combate à corrupção como um todo, partidarizando-o, fechando os olhos para outros casos que mereciam a mesma atenção. 

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O parlamentar diz que existe uma expectativa de que “as instituições e seus agentes públicos direcionem para um tratamento equânime, republicano, não politizado”, chamando atenção para as recentes denúncias contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, feitas por sua ex-amante nos anos 80 e 90. “Nossa expectativa é saber se as instituições da República servirão apenas para a disputa política, a partir da defesa do PSDB e da Globo, além de outras empresas, e vão continuar atacando o PT sem prova nenhuma, e coagindo através de prisões temporárias que vão até a delação premiada, ou se vão investigar para o bem do combate à corrupção. Porque, no Brasil, ninguém mais aguenta corrupção e parece que agentes públicos [estão] decididamente blindando o PSDB”, afirmou.

Por fim, Florence cita como exemplo a Operação Zelotes, que inicialmente expôs irregularidades cometidas por uma série de grandes empresas, como a própria RBS, filiada à Globo no Rio Grande do Sul. Na avaliação dele, os investigadores passaram a direcionar os trabalhos a Lula, e os casos do tríplex no Guarujá (SP) e do sítio em Atibaia (SP) representariam uma “tentativa de encontrar pistas que se transformem em noticiário condenatório” a qualquer custo e “forma de desviar a atenção” para o que é descoberto de grandes empresas nas investigações. “São grandes conglomerados, grandes interesses econômicos, que não se conformam com o que foi feito no Brasil promovendo redução da desigualdade social. Atacam um ex-presidente e blindam o PSDB”, concluiu o líder do partido na Câmara durante a breve conversa com esta reportagem.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.