Em tom de campanha, Lula e Zema “duelam” em anúncio de investimento bilionário em MG

Em tom cordial, mas destacando realizações de seus governos, possíveis adversários na eleição de 2026 participaram de inauguração de complexo industrial no Triângulo Mineiro

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva e Romeu Zema participaram da inauguração do Complexo Mineroindustrial da Eurochem, em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Publicidade

Em clima de campanha antecipada, mas com um tom cordial entre ambos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fizeram um “duelo” nesta quarta-feira (13), durante a cerimônia de inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro.

Trata-se da primeira unidade de mineração da EuroChem fora da Europa, que contou com investimento de US$ 1 bilhão. A previsão é a de que o complexo forneça 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano para a agricultura brasileira, o que corresponde a 15% da produção nacional.

Potenciais adversários na eleição de 2026 – Lula deve ser candidato à reeleição pelo PT e Romeu Zema é um dos nomes cotados da oposição –, o presidente da República e o governador de Minas destacaram feitos de suas respectivas gestões e adotaram discursos com forte coloração eleitoral.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Falando antes de Lula, Zema destacou o crescimento da economia de Minas, superior à média nacional. “Nossa economia tem crescido muito acima da média do Brasil. Em 2018, a economia de Minas representava 8,8% do Brasil. O último dado do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] aponta 9,5%. Onde a economia cresce, demanda-se energia”, disse o governador.

Zema afirmou, ainda, que “Minas, hoje, está no caminho certo para o desenvolvimento”. “Aquele estado caótico que não pagava ninguém há cinco anos e meio atrás não existe mais. Nós estamos no caminho certo: economia crescendo e emprego sendo gerado. Onde tem gestão, tem realização”, afirmou. Zema assumiu o governo de Minas Gerais em janeiro de 2019, após um mandato de Fernando Pimentel (PT), aliado de Lula.

“Nunca antes neste país”

Em seu discurso, Lula também chamou atenção para realizações do primeiro ano de mandato e citou os governos anteriores do PT. “Há quanto tempo vocês não ouvem falar em investimento em infraestrutura neste país? Este país parou de investir em infraestrutura. Eu fiz o primeiro PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] em fevereiro de 2007. Não era um projeto só do presidente da República, mas também com os governadores e prefeitos. Quando eu saí da Presidência, a Dilma [Rousseff] continuou. Depois, [o programa] parou”, afirmou.

Continua depois da publicidade

Lula classificou o Brasil como “celeiro do mundo” e disse que é inadmissível que o país ainda não seja autossuficiente na produção de fertilizantes. “Se o Brasil é um país agrícola, com um potencial extraordinário, quase imbatível hoje, por que a gente não é pelo menos autossuficiente na produção dos fertilizantes de que nós precisamos?”, questionou. “Por que tantas vezes se negou a este país de ter as coisas que ele tem direito de ter e que um país soberano não pode abrir mão de ter? Não existe arma de guerra mais importante na face da Terra do que o alimento. Ele é a sobrevivência de todas as espécies do planeta.”

“Complexo de vira-lata”

Novamente criticando governos anteriores aos do PT, Lula lamentou o fechamento de fábricas de fertilizantes em várias regiões do país. “O Brasil já fechou muitas fábricas. Aqui havia a predominância de um complexo de vira-lata, de achar que o Brasil era inferior, de achar que o Brasil tinha de vender o que a gente tinha e comprar o que a gente não tinha”, criticou. “Precisou acontecer a guerra entre Rússia e Ucrânia para que despertasse outra vez, em muita gente neste país, a certeza de que o Brasil precisa ter fertilizante.”

Segundo Lula, “o Brasil será um país imbatível neste momento em que a gente discute a transição energética e a transição climática”. “É quase impossível aparecer alguém com as mesmas oportunidades que o Brasil tem”, projetou.

Continua depois da publicidade

No fim do discurso, o presidente também citou investimentos de empresas da indústria automotiva anunciados nas últimas semanas e recorreu a uma expressão que se tornou tradicional em seus pronunciamentos, especialmente durante os dois primeiros governos (entre 2003 e 2010). “Nunca antes na história do Brasil houve um anúncio de todas as empresas automobilísticas de que vão investir, até 2027, o equivalente a R$ 117 bilhões na indústria brasileira”, concluiu Lula.

O evento

Além de Lula e Zema, também participaram do evento o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros como Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Segundo o Grupo EuroChem, a nova unidade contribuirá para a redução da dependência de importações de insumos, fortalecendo a competitividade da agricultura brasileira, de acordo com os objetivos do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).

Publicidade

A EuroChem é um dos líderes globais do segmento de fertilizantes e um dos produtores de nitrogênio, fósforo e potássio. Entre as atividades do grupo, estão mineração, produção, logística e distribuição de fertilizantes.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.