É “possível” que esquema na prefeitura tenha relação com morte de Celso Daniel, diz Moro

A 27ª fase da Operação Lava Jato teve como alvos o empresário e dono do "Diário do Grande ABC" Ronan Maria Pinto, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Na decisão em que autorizou a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto e do ex-secretário do PT Sílvio Pereira, o juiz Sérgio Moro diz ser “possível” que o esquema criminoso alvo da fase Carbono 14 da Lava Jato tenha alguma relação com a morte do prefeito Celso Daniel, em 2002 .

“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”, escreve Moro.

A 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta sexta-feira, teve como alvos o empresário e dono do “Diário do Grande ABC” Ronan Maria Pinto, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

“Se confirmado o depoimento de Marcos Valério [operador do mensalão], de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do PT, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada Administração Pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”, afirmou o juiz. 

Irmão de Celso Daniel, Bruno José Daniel prestou depoimento e relatou que após a morte, foi relatada a ele a existência desse esquema criminoso [Santo André] e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao PT.

“[Bruno José Daniel] Relatou em síntese que, após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores. O fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior. O destinatário dos valores devidos ao Partido dos Trabalhadores seria José Dirceu de Oliveira e Silva”, diz Moro. “Levantou [o irmão de Celso Daniel] suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão. Declarou não ter conhecimento do envolvimento de Ronan Maria Pinto no episódio ou de extorsão por ele praticada contra o Partido dos Trabalhadores.”

Em nota, a assessoria de imprensa de Ronan Maria Pinto diz que ele “sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da operação Lava Jato” e  que “todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.