“Cadeia é coisa do teu pai”, diz Moro a filho de José Dirceu em bate-boca nas redes

"Cassação ou cadeia? Ou melhor, ambas as coisas! Agora, Moro terá que explicar o inexplicável", escreveu o deputado Zeca Dirceu (PT-PR); ex-juiz rebateu, ironizando o pai do parlamentar, o ex-ministro José Dirceu

Fábio Matos

Sergio Moro, senador pelo União Brasil do Paraná (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

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Adversários políticos no Paraná, o senador Sergio Moro (União Brasil) e o deputado federal Zeca Dirceu (PT) protagonizaram um bate-boca por meio de suas contas oficiais no X (antigo Twitter), nesta quarta-feira (18).

Moro respondeu a uma mensagem publicada por Zeca Dirceu, ainda na noite de terça-feira (17), na qual o deputado petista compartilhou uma notícia sobre o suposto desvio de R$ 2,5 bilhões por parte do ex-juiz, do ex-procurador Deltan Dallagnol e da juíza Gabriela Hardt. O caso foi analisado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Reunido na terça-feira, o plenário do CNJ decidiu, por maioria de votos, derrubar a decisão que afastou Hardt do cargo. A magistrada atuou na Operação Lava Jato, assim como Dallagnol e Moro.

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O CNJ não referendou a liminar proferida pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, diante das suspeitas de irregularidades em uma decisão da magistrada, assinada em 2019, que autorizou o repasse de cerca de R$ 2 bilhões oriundos de acordos de delação firmado com os investigados para um fundo que seria gerido pela força-tarefa da Lava Jato.

O presidente do CNJ, Luís Roberto Barroso (que também preside o Supremo Tribunal Federal), votou contra o afastamento, classificando a medida como “ilegítima e arbitrária”. Moro, cuja conduta na Lava Jato também será julgada pelo CNJ, teve seu caso retirado de pauta por ora.

Em sua postagem, feita antes da decisão do CNJ, Zeca Dirceu escreveu: “Cassação ou cadeia? Ou melhor, ambas as coisas! Agora, Moro terá que explicar o inexplicável e o fará também na esfera criminal. Justiça seja feita!”.

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Em sua resposta ao deputado do PT, Moro rebateu: “Cadeia é coisa do teu pai”, em alusão ao ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), hoje com 78 anos.

Dirceu foi condenado pelo mensalão, em 2012, a 7 anos e 11 meses de prisão – ele foi detido em 15 de novembro de 2013. No fim de 2014, foi autorizado a cumprir o restante da pena em sua residência – a pena do mensalão foi extinta em 2016. O ex-todo-poderoso do PT também foi preso no âmbito da Lava Jato.

Cassado em 2005, condenado pela Justiça e preso três vezes, no âmbito dos processos sobre o mensalão e o “petrolão”, Dirceu está inelegível neste momento. Em janeiro, a defesa do ex-ministro entrou com uma ação no STF pedindo a anulação de todas as suas condenações na Lava Jato. O caso está nas mãos do ministro Gilmar Mendes.

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A defesa de Dirceu pede que o STF estenda ao ex-deputado os efeitos da decisão que beneficiou Lula, cuja condenação na Lava Jato também foi anulada após o Supremo entender que o ex-juiz Sergio Moro era suspeito para julgá-lo. Caso o pedido de Dirceu seja bem sucedido na Suprema Corte, ele poderia disputar as eleições de 2026.

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Moro absolvido no TRE-PR

Além de ser alvo do CNJ, Sergio Moro foi julgado, na semana passada, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). A corte o absolveu das acusações de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação na campanha eleitoral de 2022. O placar foi de 5 a 2 pró-Moro, em uma sessão que teve quase 7 horas de duração.

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O tribunal analisou uma ação movida pela federação formada por PT, PCdoB e PV e outra pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com o resultado, Moro tem o seu mandato no Senado preservado.

O futuro do ex-juiz da Operação Lava Jato, no entanto, ainda não está sacramentado. Os advogados que representam o PT e o PL já indicaram que pretendem recorrer da decisão junto ao TSE, que deve definir o caso.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.