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SÃO PAULO – O mercado todo aguardava ansiosamente pela votação dos vetos presidenciais a medidas consideradas como pautas bomba no Congresso nesta terça (6). Estas pautas poderiam trazer despesas extras de R$ 63 bilhões nos próximos quatro anos e consta, dentre eles, o polêmico aumento médio de 56% aos servidores do Judiciário. Contudo, não foi o que ocorreu e tivemos mais um adiamento, desta vez por falta de quórum [sendo boa parte responsável por isso o PMDB], injetando mais indefinição e, o que ela significa no mundo das finanças, volatilidade, no cenário doméstico.
A nova votação será realizada às 11h30 desta quarta-feira (7), mas os investidores dormirão esta noite com uma série de perguntas na cabeça: haverá quórum para esta nova votação? Que sinal isto envia ao governo, já que todos esperavam uma melhora da relação entre o Planalto e o Congresso após a reforma ministerial?
De acordo com o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, o adiamento da votação dos vetos já era esperado, uma vez que os parlamentares devem aguardar o posicionamento do TCU (Tribunal das Contas da União), amanhã, sobre as contas da presidente. Com a rejeição das contas, a tese de impeachment pode voltar a ganhar força.
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“Na primeira prova de fogo da presidente Dilma Rousseff, ela já sofreu uma derrota ao não conseguir o quórum para conseguir os vetos”, diz o estrategista. Assim, as indicações são de que o governo seguirá enfrentando desafios para aprovar o ajuste fiscal. “Além disso, outro problema maior para o governo é que ele tem menos a oferecer agora, já que acabou de fazer a reforma ministerial que tem como um dos principais beneficiados o PMDB”, avalia.
Já para Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores, o adiamento nada tem a ver com o julgamento do TCU amanhã. “Acho que todo mundo já está esperando uma rejeição das contas da presidente Dilma no TCU”, opina. No entanto, ele concorda que o ajuste fiscal fica prejudicado com o que aconteceu hoje. Para ele, a reforma ministerial agradou ao PMDB, mas isso não significa que o governo terá vida fácil para aprovar as medidas do ajuste fiscal.
“Acaba ficando um alerta de que a reforma ministerial afasta o impeachment, mas não significa vida fácil na Câmara. Não tem um número de deputados suficiente para votar CPMF, por exemplo”, afirma Ribeiro.
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Sem pânico
De acordo com o economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini, o adiamento é parte do jogo e indica a negociação do governo com o Congresso, algo normal dentro do “xadrez político”.
Porém, o adiamento gera ruído no mercado, uma vez que leva a uma incerteza, apesar de não indicar que houve uma derrota do governo Dilma sobre o assunto. “De fato, não houve nada. Apenas o adiamento. E é esta incerteza que gera uma maior postura de cautela dos mercados”, avalia o economista, fazendo com que a Bovespa virasse para leve queda e o dólar diminuísse as perdas, movimentos estes que logo passaram por “reajustes”.
Já no caso de haver uma decisão desfavorável, com a derrubada de um dos vetos quando eles forem para a votação, pode-se gerar uma expectativa negativa para a decisão dos próximos vetos. Mas enquanto isso, o mercado segue só trabalhando em meio aos ruídos políticos.
Sobre a CPMF, Agostini avalia que ela pode ser ruim para a atividade econômica, mas que é necessário para a realização do ajuste e que o governo só colocará essa pauta para ser votada no Congresso quando tiver uma margem de segurança de que ela será aprovada. Por enquanto, o governo ainda enfrenta revés para aprová-la.
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