De 240 a 270 votos: o que o placar sobre a denúncia contra Temer dirá para o mercado?

Investidores estão bem de olho no placar da votação, que pode representar maior força ou fraqueza de Temer para aprovar reformas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto a expectativa é de que o presidente Michel Temer barre na Câmara a denúncia contra ele, o placar da votação é visto como essencial para o futuro das reformas econômicas, principalmente da Previdência (como você ver por aqui). 

Os analistas de mercado estão vendo o que pode acontecer na votação. Se, na semana passada, a expectativa era de um placar abaixo da segunda denúncia (em que Temer teve 263 votos a favor e 227 contra), a ofensiva do governo sobre os deputados e adoção de diversas benesses na reta final fizeram com que alguns analistas revisassem as suas expectativas sobre o placar. 

Conforme avalia a LCA Consultores, o que parecia complicado na semana passada (repetir o placar da primeira votação) tornou-se provável. Porém, vale destacar as “bandas” de votação que os analistas estão projetando para a votação (e o impacto para as reformas econômicas). 

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De acordo com o Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset, se o placar da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara vier ao redor do que aconteceu na anterior, de 260 votos a favor do presidente, já vai ser o suficiente para colocar a possibilidade da reforma da Previdência em pauta. 

“Ainda que sejam duas coisas bem diferentes, porque quem vota contra Temer pode votar a favor de reforma, o tamanho da rejeição da denúncia já é um ponto de partida para ver em que situação o governo se encontra”, avaliou Weeks em entrevista à Bloomberg. Assim, o mercado vai “esperar para ver” antes de precificar aprovação da reforma, “apesar de placar positivo já ser pontapé inicial”.

De acordo com a consultoria de risco político Eurasia Group, o presidente deve perder o suporte de apenas alguns deputados na votação da segunda denúncia em relação ao número de apoio na primeira votação em agosto. Contudo, se trinta ou mais parlamentares desertarem, a probabilidade para a reforma da Previdência deve diminuir, diz a Eurasia, em relatório. 

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Se o número de deputados federais que votarem contra Temer for muito superior a 227, chegando a um número entre 257 e 280, este seria um sinal preocupante para o presidente, uma vez que sugere que o número de parlamentares de centro dispostos a negociar está caindo significativamente. Isso é um sinal de que o desgaste na base de Temer está se acumulando em uma taxa maior do que a Eurasia acredita no momento – o que impacta e muito na previdência. De qualquer forma, a Eurasia ainda vê uma chance de 55% de aprovação de uma reforma da Previdência diluída, que inclua idade mínima e regra de transição. Porém, faz um alerta: a janela para reforma está se fechando rapidamente e há sinais crescentes de descontentamento dentro do grupo de apoio do governo.

Já a equipe de análise política da XP Investimentos espera um placar entre 255 e 270 votos favoráveis ao presidente Michel Temer na votação da segunda denúncia. A queda de suporte para 240 votos a favor, traria um pouco mais de preocupação, “apesar de não ser o fim do mundo”. 

“Seria preciso ver se esses cerca de 20 deputados foram para oposição; ou se não foram votar e quórum geral foi reduzido; nesse último caso, número pró-Temer não teria caído tanto assim. Mas preocuparia para governo se 20 deputados que votaram a favor do arquivamento da primeira denúncia votarem, desta vez, a favor do prosseguimento da segunda . O governo deve baixar muito pouco dos 263 votos”, afirmou o analista político da XP Investimentos, Richard Back, para a Bloomberg. Neste cenário, ele avalia: a aprovação da reforma da Previdência não é cenário mais provável, mas não é impossível. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.