Cunha “chateado”, Teori “enciumado”: as reações de políticos ao afastamento do deputado

Dilma destacou que decisão foi "obviamente justa", Michel Temer mostrou alívio; muitos deputados manifestaram surpresa com decisão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki de suspender o mandato do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pegou muitos políticos de surpresa. Enquanto alguns políticos comemoraram a decisão, outros olharam para ela com ressalvas, dizendo que ela ocorreu “tarde demais”. Outros mostraram surpresa com a decisão. Veja a reação de alguns políticos sobre a decisão de Teori. 

José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União
Para José Eduardo Cardozo, a liminar é uma prova “muito importante” de que o peemedebista usava o cargo para finalidades estranhas ao interesse da função. “É o caso do impeachment. No caso do impeachment é exatamente o que estamos alegando: ele usou em beneficio próprio quando ameaçou a presidente da República que abriria o processo impeachment se não tivesse os votos”, afirmou Cardozo, ao lembrar que o pedido de impedimento foi aceito no mesmo dia em que deputados petistas declararam que não iriam apoiar Cunha no processo que pede a cassação de seu mandato, em tramitação no Conselho de Ética da Casa, desde novembro do ano passado.

Dilma Rousseff
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a presidente Dilma Rousseff tomou conhecimento da decisão do STF antes de embarcar para cumprir agendas do Pará. Ao lado do ministro-chefe do gabinete pessoal da Presidência, Jaques Wagner,
Dilma se mostrou satisfeita com a decisão que “obviamente achou justa”. A
análise preliminar é que a liminar mostra que não há dois pesos e duas medidas
no Supremo, já que é uma “decisão correta em relação a uma pessoa que é réu”. Porém, para alguns interlocutores, a decisão “demorou demais para ser tomada” e
 pode embasar questionamentos a respeito da condução do processo do impeachment.

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O próprio Eduardo Cunha…
O Estadão também destacou a reação do próprio Eduardo Cunha sobre a suspensão do impeachment. De acordo com pessoas ouvidas pelo jornal que estiveram com ele pela manhã, Cunha afirmou estar “chateado e surpreso” com a determinação do ministro do STF. Deputados que estiveram com ele afirmam que Cunha irá aguardar sobre qual decisão o Supremo deve tomar hoje para se posicionar. 

Michel Temer
Um dos interlocutores mais próximos do vice-presidente teria dito que o Michel Temer recebeu “com alívio” notícia de afastamento de Eduardo Cunha da Câmara dos Deputados. As informações são da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo. A avaliação é que Cunha seria um fardo que Temer teria que carregar e pelo qual seria cobrado. 

Rogério Rosso
Todos nós fomos pegos de surpresa”, admitiu o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), que soube da notícia pela internet. Segundo ele, ainda é cedo para fazer uma avaliação. “O momento agora é de muita serenidade, para que não haja nenhum tipo de excesso, se preserve a Constituição e a normalidade institucional”, afirmou Rosso.

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Pauderney Avelino
Essa também é a opinião do líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Ele afirmou ainda que a tendência agora é que os deputados iniciem a busca por um novo nome para substituir Eduardo Cunha na presidência. “Ainda é cedo, mas deveremos tentar buscar, na medida do possível, um nome que venha a substituir o presidente na direção da Câmara”, disse.

Afonso Florence 
Já o líder do PT, Afonso Florence (BA), disse que a decisão de hoje do ministro Teori Zavascki, está baseada “em provas robustas” e que isso poderá repercutir no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que analisa uma representação contra o presidente afastado por quebra de decoro parlamentar, protocolada pelo Psol.

Para Florence, a tramitação da representação poderá ser acelerada. “Ele não vai mais liderar esse processo [tramitação da representação], e acredito que não haverá mais nenhum parlamentar que se disponha a cometer as mesmas ilegalidades. Tenho a impressão que a agora a investigação deve ocorrer com menos obstáculos”, afirmou.

Jarbas Vasconcelos
O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), também comentou a decisão do STF. “A justiça madrugou hoje. Sai numa hora que já passava do momento”, disse.

Alessandro Molon
“Nós lutamos há muito tempo por isso. Enfrentamos uma luta muito dura para que ele fosse afastado do cargo. Isso era fundamental para que as práticas da república mudassem. Ninguém pode usar o cargo para ficar imune a punições”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) em entrevista por telefone ao InfoMoney. “É uma vitória da cidadania brasileira”, disse. O parlamentar foi um dos expoentes na luta pela cassação do mandato de Cunha por quebra de decoro ao mentir na CPI da Petrobras sobre contas no exterior, além das denúncias da qual o presidente da casa foi alvo pela Operação Lava Jato.

Chico Alencar
Pelo Facebook, Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou: “é simples e justo assim, o STF deve confirmar em plenário o afastamento de Cunha do mandato. Livrar o Brasil, de forma definitiva, de quem não reúne as condições elementares para exercer mandato público. Mas, desde já, por decisão liminar do ministro Teori, ele está fora da Câmara”.  

Outros aliados de Cunha
Já segundo o Valor Econômico, parte aliados de Cunha avalia que a liminar do ministro Teori que afastou o pemedebista do cargo e do mandato na madrugada desta quinta-feira ocorreu por “ciúmes”. “Claramente ele não quis ficar com a pecha de que segurou o processo”, afirmou um aliado ao jornal. Isso porque o ministro do STF Marco Aurélio Mello recebeu a ADPF (Ação de Arguição de Preceito Fundamental) do Rede Sustentabilidade na terça-feira e já pautou para a sessão plenário do Supremo que ocorreria dois dias depois. De madrugada, hora antes do julgamento, Teori concedeu a liminar.

(Com Agência Brasil) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.