Críticas à Dilma e ao PT foram os destaques na festa “surpresa” pela vitória de Cunha

Presença de manobristas, seguranças e jovens promoters uniformizadas na porta da mansão no Lago Sul de Brasília denunciavam que família e assessores de Eduardo Cunha já tinham organizado tudo para receber o novo presidente da câmara, destaca o Estadão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara era prevista, mas havia ainda algumas indicações de que o governo poderia levar a votação para o segundo turno ao colocar no páreo Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Porém, mesmo após a vitória “surpresa” no segundo turno, uma festa organizada deu as indicações de que muitos deputados já esperavam que o fato se consumaria no último domingo, de acordo com reportagens do jornal O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo

Conforme destacou o Estadão, a presença de manobristas, seguranças e jovens promoters uniformizadas na porta da mansão no Lago Sul de Brasília denunciavam que família e assessores de Eduardo Cunha já tinham organizado tudo para receber o novo presidente da Câmara. No cardápio, além de uísque, champanhe e vinho, estiveram “pérolas” e impropérios contra a presidente Dilma Rousseff e o PT. 

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“Ela vai ter de arrumar um bom articulador político, porque não gosta disso (de política)”, disse um deputado do PMDB. “Eduardo amenizou no discurso a questão das sequelas. Mas Dilma tem que fazer a parte dela”, afirmou. 

Até o ex-candidato à presidência da República, Levy Fidelix (PRTB), que polemizou na última campanha eleitoral, fez declarações polêmicas durante a festa. “A vida de Dilma vai ser um inferno. Vai vir impeachment”, mesmo com as indicações contrárias de Cunha em seu discurso. “Ela vai ser ‘impeachada’ e quem vai assumir é o Temer, em nove meses”.

Já segundo a Folha de S. Paulo, outros alvos foram Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil, e Pepe Vargas, ministro das Relações Institucionais. Eles foram apelidados, respectivamente, de Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, e Pepe Legal, desenho em que estrelava um cavalo atrapalhado. 

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Enquanto isso, o presidente do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, não apareceu, por considerar que “não era o momento” propício. 

Segundo a Folha, Aécio Neves (PSDB-MG) e seus correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de dirigentes do partido terem comemorado calorosamente a vitória de Cunha. De acordo com a própria Folha, aliados de Aécio acreditam que o discurso do senador na sexta-feira conteve a debandada de votos para Cunha no primeiro turno – mas não evitou que a disputa se encerrasse logo no domingo. 

Já o Estadão, nem todos os que foram convidados foram. Um deles destacou os seus motivos: “menina novinha não gosta de deputado velho. Gosta de dinheiro de deputado velho. E eu não tenho (dinheiro)”, afirmou. 

 E Cunha continuou na festa até de madrugada, mas isso não atrapalhou as suas atividades da segunda-feira (2). Ele já estava a postos no STF (Supremo Tribunal Federal) para o início dos trabalhos do Judiciário e deu início às atividades no Congresso durante a tarde. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.