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SÃO PAULO – Segundo analistas, faltaram detalhes acerca de como será feito o corte de R$ 50 bilhões anunciado na última quarta-feira (9) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
“Não sabemos onde a faca do corte vai efetivamente fazer sua tarefa, e nos parece que nem mesmo a Fazenda ou o Planejamento sabem exatamente”, afirmou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, que questiona se de fato o governo irá colocar o plano em ação.
Dentre as questões que podem afetar a implantação dos cortes, estão as disputas partidárias que ocorrem no congresso, principalmente entre PMDB e PT, que fazem com que o economista lembre que “coesão política custa caro” e que nem sempre é facil realizar cortes em um cenário como este, no qual o orçamento é responsável por sedimentar as alianças.
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Inflação como alvo secundário?
Ademais, o economista questiona se a intenção primordial da medida não é conter a inflação, mas antes de tudo evitar uma alta na taxa básica de juros. “O controle da inflação é um remédio amargo que tem como objetivo desacelerar a economia, e só é possível conciliar alto crescimento com inflação se o País encontra ociosidade de fatores no exterior, e a influência externa está sendo negativa nos últimos meses”, explica Perfeito.
Para ele, é difícil avaliar a correlação entre aperto fiscal e inflação, e talvez o aperto tenha sido “mais um esforço, e não o único” do Governo para equilibrar crescimento e um cenário inflacionário mais benigno.
Barclays mantém projeção de inflação
Já o Barclays lembra que o anuncio não foi de corte nos gastos, e sim de corte no aumento dos gastos. Em outras palavras, os R$ 50 bilhões saíram das projeções de gastos para 2011, e não do Orçamento de 2010, e representam 3% do crescimento real em relação ao ano anterior – um terço do aumento do aumento de gastos que o Brasil registrou no último ano (+9,3%). “Mas segue subindo”, aponta o banco.
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Além disso, a equipe também frisa que o Governo está contando com uma alta real de 7% nas receitas totais. “A execução não será fácil, com desafios não só nos gastos mas também em aumentar a arrecadação de impostos em um ano de aceleração mais lenta da economia”, explica o banco.
Apesar do corte, a equipe do Barclays avalia que deve ser mantida a política de aperto monetário bem como a contenção da demanda interna. Por ora, a instituição segue “preocupada com a inflação” e mantém a previsão de 6,3% de alta no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano.
MCM projeta impacto positivo no superávit primário
A MCM consultoria calcula que através desta medida o superávit primário poderá subir de 1,10% em 2010 – (descontadas as receitas com capitalização da Petrobras (PETR3, PETR4), antecipação de dividendos da Eletrobras (ELET3, ELET6) e depósitos judiciais – para 1,85% neste ano.
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Caso estados e municípios passem a cumprir suaa metas, o superávit primário do Governo poderia chegar a até 2,8%. “Portando, se for verificada esta dinâmica ao longo do ano, embora a meta não seja cumprida integralmente, revela uma política fiscal mais austera e que deverá ajudar a autoridade monetária na contenção da despesa”, avalia a MCM.
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