Com Bolsonaro e Haddad, estamos diante das duas piores opções que tínhamos, diz Felipe Rigoni

Primeiro deputado federal cego eleito no Brasil vê com preocupação acirramento do nível de polarização política no país

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A disputa de segundo turno entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) colocou o Brasil entre duas das piores opções disponíveis para os próximos quatro anos, não necessariamente pelas agendas em jogo, mas pelo grau de polarização instaurado no país com este quadro. Essa é a avaliação de Felipe Rigoni (PSB-ES), o primeiro cego a se eleger deputado federal. O novo parlamentar foi o convidado do InfoMoney Entrevista da última terça-feira (16).

“Colocamo-nos dentre as duas piores opções que tínhamos. Não porque individualmente eles são as piores opções, mas em conjunto eles tornam o Brasil extremamente polarizado. Estamos diante de duas decisões antidemocráticas. Uma pelo histórico de discurso e comportamento, caso de Bolsonaro. Outra por seu histórico de atuação no governo. 13 anos de PT nos mostrou que o partido, de fato, aparelhou o Estado, muita corrupção aconteceu e um dos grandes causadores disso foi o próprio partido”, avaliou Rigoni. O jovem de 27 anos recebeu 84.405 votos, o equivalente a 4,37% de todos os votos válidos no Espírito Santo, e foi o segundo candidato mais apoiado no estado.

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“Independentemente das propostas, estamos falando da pessoa e da instituição em que ela está envolvida. O que vai ajudar no equilíbrio da coisa é o controle social que vamos conseguir ter sobre quem vai ser eleito. Ainda não sei o suficiente para dizer se é sobre Bolsonaro ou Haddad que vamos conseguir ter mais controle social para equilibrar essa polarização” complementou.

Para Rigoni, dado o quadro de polarização formado, os parlamentares eleitos para a próxima legislatura terão a difícil missão de unificar o país em torno de algum projeto nacional de desenvolvimento, independente de ideologias. “Vamos precisar trazer a realidade para dentro do Congresso Nacional para tentar sair dessa polarização. Porque nela nenhum país se desenvolve. O Congresso não pode estar do jeito que está, a responsabilidade é nossa”, disse.

Qualquer um que seja eleito, diz o novo parlamentar, terá um quadro desafiador para a construção de uma base de apoio no Legislativo. “Por todo o histórico que tem, de nunca ter sido muito partidário e de sempre ter batido em quase todos que estavam no poder, Bolsonaro eleito pode ser o presidente mais livre do fisiologismo da nossa história recente. No entanto, não acredito que ele vai conseguir não fazer loteamento político”, avaliou Rigoni.

Caso o vitorioso na disputa seja Haddad, o quadro esperado seria um pouco diferente: “O PT é uma instituição que sabe manusear o Congresso, porque fez isso por muito tempo, seja de formas espúrias ou não. Acho que Haddad pode ter mais governabilidade, no entanto talvez tenha uma oposição muito mais pesada”, ponderou.

Quanto à nova configuração da Câmara dos Deputados, na maior taxa de renovação dos últimos 20 anos, Rigoni ainda se mantém cético sobre os possíveis resultados. “Falta descobrir se essa renovação também vai ser de princípios e práticas, porque a renovação política não é só de pessoas”, avaliou.

Da sua parte, promete um mandato compartilhado e independente das posições de seu próprio partido, com decisões divididas com um conselho parlamentar focado em três eixos de atuação: 1) combate à corrupção, aos privilégios e à ineficiência do governo; 2) combate à desigualdade de oportunidades, sobretudo via educação básica e inclusão; 3) fortalecimento da economia. O novo deputado capixaba também diz que terá um aplicativo para interação com os eleitores.

Questionado sobre três medidas prioritárias endossadas logo no início do mandato, Rigoni listou a reforma tributária como medida mais urgente de todas, a reforma política, “que vai estar em segundo lugar mas é a mais importante”, e as 70 medidas contra a corrupção. Para ele, um dos grandes desafios da próxima legislatura é reaproximar eleitores e eleitos.

“Hoje temos partido demais e ao mesmo tempo partido de menos. Pouquíssimos partidos de fato representam o cidadão e lutam por aquilo que, em seus manifestos, eles declaram lutar. É muito difícil trabalhar com uma democracia com essas características”, diagnosticou. Para ele, nos últimos anos os partidos acabaram esvaziados de suas funções, na medida em que a sensação de representatividade foi perdida. Confira a íntegra da entrevista pelo vídeo acima.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.