“É muito difícil crescer só com o governo empurrando”, diz Campos Neto

Segundo o presidente do Banco Central (BC), desafio do Brasil é conciliar crescimento econômico sustentável com resultados fiscais equilibrados

Fábio Matos

José Cruz/Agência Brasil

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta segunda-feira (4), que um dos principais desafios do Brasil é conciliar um crescimento econômico sustentável com resultados fiscais equilibrados.

O chefe da autoridade monetária participou nesta manhã de reunião do Conselho Político e Social (COPS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na capital paulista.

“Precisamos entender que a chave é conseguir fazer a dinâmica de ter um crescimento equilibrado, um fiscal controlado e um olhar para o social, principalmente no pós-pandemia”, afirmou Campos Neto.

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Segundo o presidente do BC, o atual governo vem tentando “fazer um fiscal equilibrado, um pouco mais pelo lado da receita do que do gasto, porque no Brasil é sempre muito difícil cortar gastos de forma estrutural”.

“Temos de crescer mais. Como o nosso fiscal é apertado, é muito difícil a gente crescer só com o governo empurrando. Temos de crescer com o setor privado empurrando”, defendeu Campos Neto. “O grande desafio é focar nas políticas de crescimento.”

Na conversa com os membros da ACSP, o presidente do BC disse, ainda, que o desempenho da economia brasileira tem surpreendido positivamente. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 2,9%, ante projeções inferiores a 1% feitas no início do ano.

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“Os economistas, incluindo eu, têm errado consistentemente as projeções de crescimento. Em 2024, já começou um movimento de revisão de crescimento para cima”, disse Campos Neto.

“Há alguns economistas [que estão] mostrando que fizemos um grande número de reformas nesses últimos anos, e o poder cumulativo dessas reformas pode estar fazendo com que o PIB potencial do Brasil esteja em um patamar mais alto”, explicou.

Questão fiscal

Em sua palestra na ACSP, Roberto Campos Neto voltou a dizer que, hoje, “existe uma diferença grande entre a previsão do mercado e a meta do governo” na questão fiscal.

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De acordo com as diretrizes do novo marco fiscal encaminhado pelo governo, aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado, o Brasil tem a meta de zerar o déficit primário em 2024 – mas essa hipótese, hoje, é praticamente descartada pelo mercado. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já disse publicamente diversas vezes que não há problema se a meta definida pela equipe econômica não for alcançada.

No ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Fazenda, o governo central — Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrou um déficit primário de R$ 230,535 bilhões, o que corresponde a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).

“De fato, continuamos com a nossa dívida subindo. Não é só o Brasil, mas grande parte do mundo tem esse problema”, disse o chefe do BC. “O problema do mundo hoje é como pagar as contas de um gasto muito grande na economia, atendendo ao social e fazendo um crescimento equilibrado.”

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.