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SÃO PAULO – O novo Brasil virou um assunto comum no mundo. A resiliência do País durante a crise, a maior oferta de ações da história e o crescimento da economia em uma situação global não tão positiva são alguns dos fatores que ajudaram a impulsionar a popularidade do “Novo Brasil”. Mas quão novo é o Brasil?
Segundo o analista de rating soberano da agência de classificação de risco Moody’s, Mauro Leos, ele definitivamente é novo, se olharmos para os dados de 2000. Entretanto, isso não quer dizer que todos os desafios tenham sido eliminados, e que o Brasil já está no topo da pirâmide.
“Quando o México chega à segunda fase da Copa do Mundo, festejamos como se fosse o título. Mas não é – ainda estamos muito longe dele”, exemplifica Leos. “Da mesma forma, o Brasil não pode achar que Baa3 é o ápice só porque é grau de investimento”.
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Entre os pontos positivos do País, o analista ressalta a melhora na estrutura da dívida do governo, a redução da vulnerabilidade aos choques externos e a maior previsibilidade das políticas. Entretanto, o percentual de investimentos segue muito abaixo da média dos demais países do mundo – não somente daqueles com o mesmo rating.
Nova revisão?
Segundo Leos, a expectativa da Moody’s é que o rating do Brasil seja reavaliado no segundo trimestre de 2011, quando além dos números da economia brasileira de 2010 em mãos, os analistas também terão uma visão melhor sobre o novo governo, que já estará estabelecido e terá suas políticas mais claramente delineadas.
O comitê de rating avaliará, então, se a nota do País será colocada em revisão ou se permanece em Baa3 – nesse caso, a perspectiva positiva será trocada pela “estável”. Caso seja decidido pela revisão, a agência de classificação de risco tem até três meses para divulgar o novo rating. Um novo upgrade seria possível – entretanto, uma repetição da última vez (que contou com um upgrade e uma perspectiva positiva) seria “difícil”, de acordo com o analista, já que o País ainda gera muitas dúvidas e ainda tem que passar por reformas de longo prazo.
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Leos aponta algumas das principais perguntas que rodeiam os rumos do rating brasileiro: quais serão as prioridades econômicas é a primeira delas, e se o foco será no curto ou no médio prazo. “Entendemos que a elevação do salário mínimo é importante e benéfica para o bem estar, mas ela também pressiona o lado fiscal”, explica. A segunda questão é como o Brasil se sairá depois desse 2010 excepcional – teremos uma queda mais brusca, ou um caminho estável para patamares mais sustentáveis?
A questão de investimentos em infraestrutura e poupanças de longo prazo também deve ser chave, assim como os caminhos da questão fiscal – como a tão esperada reforma tributária – e o papel do governo na economia. “As tendências e políticas são mais importantes, e quando um país cresce acima da tendência (caso do Brasil em 2010), os números fiscais devem ser revistos”, frisa o analista.
Segundo ele, um mix mais balanceado entre política fiscal mais apertada e juros mais baixos ajudaria a minimizar um cenário de “hard landing” e melhoraria as chances de um crescimento sustentável, elevando assim as chances de um upgrade do rating – “mas isso não é automático”, alerta Leos. “Esperamos continuidade – das coisas positivas – que foi essencial para a obtenção do grau de investimento”, resume o analista.
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Cenário global, bolhas e câmbio
Enquanto a possível revisão do rating brasileiro terá como foco a economia doméstica, não é possível descolá-la completamente do cenário externo – afinal, como explica Leos, a situação do País é avaliada em comparação a outros. A expectativa do analista é que a incerteza e os choques pontuais sigam marcando a economia global, assim como a forte divisão entre emergentes e desenvolvidos, com o segundo grupo seguindo com taxas de juro baixas e recuperação lenta.
Essas taxas de juro, contudo, levantam um alerta: “todos os períodos de taxas de juro excepcionalmente baixas criam bolhas. Onde, eu não sei. Mas elas estarão lá”, afirma o analista da Moody’s, que aponta algumas opções, como ouro e ações de mercados emergentes.
Ainda no assunto, Leos afirma que o mercado imobiliário também pode originar uma bolha no futuro, tanto na China quanto por aqui. Ressaltando, contudo, que uma bolha não é uma crise, e pode ser apenas uma correção dos mercados, o analista diz que o risco sistêmico deve sim ser uma preocupação. “O risco de bolha no Brasil é moderado, mas aumentaria muito caso algo acontecesse na China”, explica, lembrando que esse risco de contágio foi o que aconteceu na Europa há pouco tempo.
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Já em relação ao câmbio, Leos não vê muitas opções para barrar o “tsunami de dinheiro” que vai em direção dos mercados emergentes e prejudica as exportações. “É muito difícil conter essa onda de dinheiro, então acho que a tendência dos próximos dois anos é que o real siga forte”, aponta. “O Banco Central pode comprar dólares, como vem fazendo, mas há um limite para isso”.
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