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SÃO PAUO – Em entrevista concedida com exclusividade ao Podcast da Rio Bravo, o economista e Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea ( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em Brasília, Mansueto de Almeida Jr, afirma que o Brasil não conseguirá fazer, de maneira real, os cortes que precisa no orçamento. Isso porque, segundo o especialista, o orçamento aprovado vem com aumento em relação ao ano passado.
“Ele sempre é inchado, então na verdade não foi um corte em relação ao que foi executado no ano passado, foi um corte em relação ao que estava planejado a se gastar esse ano”, explica.
Na visão do economista, é impossível, no Brasil, fazer qualquer ajuste fiscal cortando muito custeio, pois grande parte destes gastos não é flexível, como, por exemplo, educação, saúde e projetos sociais.
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“O Bolsa Família é um item do custeio, então não dá para o Governo fazer um corte grande pois, várias dessas despesas têm orgiem social e o governo não quer cortar”, diz Mansueto.
Neste sentido, e conforme o especialista, o Governo está cortando no quisito investimentos públicos. “Se você pegar os gastos governamentais entre janeiro e maio deste ano, o gasto real cresceu em torno de 3,5%. Isso indica queda em relação ao crescimento do ano passado, que no mesmo período era registrado em torno de 9%”, afirma o economista.
Para ele, a grande contribuição para explicar a desaceleração do crescimento dos gastos públicos deste ano vem de duas contas.
A primeira está ligada aos gastos sociais e à previdência, pois não foi dado nenhum reajuste real do salário mínimo neste ano. Já a segunda conta, está atrelada à execução do investimento público, que caiu muito em termos reais.
Mansueto também é crítico da forma com que o Governo tem alterado o cálculo das contas fiscais, tomando atitudes, que segundo ele, tornam o processo de apuração do resultado primário menos transparente.
“Na realidade. o Governo, hoje, tem uma liberdade para colocar no papel primário o que ele quiser. Só que no ano passado se fez uma coisa ainda mais absurda”, diz o especialista ao fazer referência ao processo de capitalização da Petrobras, considerado por ele um truque contábil.
“O Brasil gerou no ano passado 1% do PIB (Produto Interno Bruto) de receita inesperada no processo de capitalização da Petrobras. O que muitos não entenderam é que essa receita, que foi equivalente a 1 ponto percentual no PIB, veio de uma riqueza futura. É como se você já tivesse começado a usar os recursos do pré-sal, que não foram nem para a Educação e nem para a Saúde, foi para gasto corrente”, conclui.
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