Brasil não conseguirá fazer cortes no orçamento em 2011, aponta economista

Em entrevista, Mansueto Jr. também critica cálculo das contas fiscais e considera capitalização da Petrobras um truque contábil

Graziele Oliveira

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SÃO PAUO – Em entrevista concedida com exclusividade ao Podcast da Rio Bravo, o economista e Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea ( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em Brasília, Mansueto de Almeida Jr, afirma que o Brasil não conseguirá fazer, de maneira real, os cortes que precisa no orçamento. Isso porque, segundo o especialista, o orçamento aprovado vem com aumento em relação ao ano passado.

“Ele sempre é inchado, então na verdade não foi um corte em relação ao que foi executado no ano passado, foi um corte em relação ao que estava planejado a se gastar esse ano”, explica.

Na visão do economista, é impossível, no Brasil, fazer qualquer ajuste fiscal cortando muito custeio, pois grande parte destes gastos não é flexível, como, por exemplo, educação, saúde e projetos sociais.

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“O Bolsa Família é um item do custeio, então não dá para o Governo fazer um corte grande pois, várias dessas despesas têm orgiem social e o governo não quer cortar”, diz Mansueto.

Neste sentido, e conforme o especialista, o Governo está cortando no quisito investimentos públicos. “Se você pegar os gastos governamentais entre janeiro e maio deste ano, o gasto real cresceu em torno de 3,5%. Isso indica queda em relação ao crescimento do ano passado, que no mesmo período era registrado em torno de 9%”, afirma o economista.

Para ele, a grande contribuição para explicar a desaceleração do crescimento dos gastos públicos deste ano vem de duas contas.

A primeira está ligada aos gastos sociais e à previdência, pois não foi dado nenhum reajuste real do salário mínimo neste ano. Já a segunda conta, está atrelada à execução do investimento público, que caiu muito em termos reais.

Mansueto também é crítico da forma com que o Governo tem alterado o cálculo das contas fiscais, tomando atitudes, que segundo ele, tornam o processo de apuração do resultado primário menos transparente.

“Na realidade. o Governo, hoje, tem uma liberdade para colocar no papel primário o que ele quiser. Só que no ano passado se fez uma coisa ainda mais absurda”, diz o especialista ao fazer referência ao processo de capitalização da Petrobras, considerado por ele um truque contábil.

“O Brasil gerou no ano passado 1% do PIB (Produto Interno Bruto) de receita inesperada no processo de capitalização da Petrobras. O que muitos não entenderam é que essa receita, que foi equivalente a 1 ponto percentual no PIB, veio de uma riqueza futura. É como se você já tivesse começado a usar os recursos do pré-sal, que não foram nem para a Educação e nem para a Saúde, foi para gasto corrente”, conclui.

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