Brasil e Índia saem do grupo dos “5 frágeis”, diz asset do JP; México e Colômbia entram

Colômbia e México substituem Brasil e Índia no rol dos 5 frágeis, de acordo com análise do JPMorgan Asset Management publicada pelo FT; contudo, outras casas de análise discordam da análise

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Desde que veio à tona, no início de 2014, os “cinco frágeis” ganharam força e expressão no mercado. Este termo se refere a um grupo de países citado por um analista do Morgan Stanley em meados de 2013, composto por Turquia, Brasil, Índia, África do Sul e Indonésia como economias que se tornaram demasiadamente dependentes de investimento estrangeiro, bastante volátil, para financiar suas ambições de crescimento.

Alguns já falaram, contudo, para esquecer os cinco frágeis. Já o JPMorgan Asset Management propôs uma alteração no termo, segundo noticia o Financial Times: tirar o Brasil e a Índia e eles seriam substituídos pela Colômbia e pelo México. 

Colômbia e México são agora membros do grupo dos “cinco frágeis” de nações de mercados emergentes, substituindo a Índia e o Brasil, de acordo com análise por JPMorgan Asset Management”, ressalta o jornal, que lembra do momento de maior turbulência dos países. Foi quando houve o anúncio de que o Federal Reserve iria diminuir o seu programa de compra de títulos, o que provocou uma turbulência nos mercados. 

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A vulnerabilidade de quatro dos cinco países (África do Sul, Índia, Indonésia, Turquia, mas não o Brasil) foi identificada pelo JP antes do sell-off. E, segundo a asset do banco, certas regiões da América Latina estão mais expostas a esse cenário. 

A Colômbia “caiu” no conceito do banco como resultado da sua forte dependência das exportações de petróleo, em particular a dependência das receitas do governo, além do robusto déficit em conta corrente de 5,8%, que precisa ser financiado por entradas de capital. O peso caiu 36% frente o dólar nos últimos meses. 

“Se você é dependente de dinheiro de outras pessoas e, em seguida, o preço [do seu principal produto de exportação] cai, você tem um grande problema”, disse Andres Garcia-Amaya, analista de pesquisa em macroeconomia do JPMAM.

Já o México é visto como vulnerável porque a taxa de cobertura das reservas (ou seja, a relação entre as reservas cambiais pelo seu gap de financiamento) é de apenas 1,6 ano. Isso é muito menos do que os sete anos de Rússia, outro exportador de petróleo que está lutando.

A percebida falta de “espaço de manobra” do México é agravada pela sua taxa de juros real perto de zero, deixando pouca flexibilidade para cortar as taxas se a sua economia enfraquecer ainda mais. “O México, um país que muitos investidores consideram um refúgio seguro, agora está aparecendo como um de alto risco dos mercados emergentes”, disse Garcia-Amaya.

A Turquia e a África do Sul, ambas com grandes desequilíbrios externos e risco político significativo, continuam a ser as nações de mais alto risco. A Turquia – particularmente dependentes de financiamento de curto prazo – agora é a mais frágil de todas.

Por outro lado, reformas estruturais da Índia feitas pelo primeiro-ministro Narendra Modi teriam permitido que o país “subisse”; e o país também é um grande beneficiário dos preços do petróleo mais baixos.

A Tailândia também melhorou sua posição desde 2013, mas há temor de que o país poderia “cair” novamente se a inflação aumentar dados os elevados níveis de dívida das famílias e das empresas do país.

Porém, o FT destaca que, enquanto as conclusões do JPMAM são amplamente compartilhadas por uns analistas, outros veem grandes diferenças.

Esty Dwek, estrategista global da Loomis Sayles, argumentou que a Turquia e o Brasil, este grande exportador de commodities com tendência de alta do déficit em conta corrente, foram mais vulneráveis.

Maarten-Jan Bakkum, estrategista sênior da EM NN Investment Partners, vê a África do Sul, a Turquia e o Brasil como mais frágeis, dado os seus déficts externos e forte crescimento do crédito desde a crise financeira, seguido pela Colômbia, Tailândia, Malásia e China.

“Os países mais frágeis são os viciados em crédito. Neste ambiente onde o crescimento está abrandando, onde existe pressão sobre as margens das empresas, o lado corporativo é o que deve ser o mais preocupado”, disse Bakku ao FT.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.