Auxílio Brasil será “prioridade absoluta” de eventual novo governo, diz Paulo Guedes

Ministro da Economia acusa Lula de propagar “fake news” e defende avanço do programa de privatizações

Fábio Matos

O ministro Paulo Guedes (Economia) durante coletiva de imprensa sobre o balanço de final de ano da economia no país (Foto: divulgação)

Garantir o financiamento do Auxílio Brasil, programa social que sucedeu o Bolsa Família, será “prioridade absoluta” em um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A afirmação é do ministro da Economia, Paulo Guedes, que citou a importância de o Congresso aprovar uma reforma tributária, com a tributação de lucros e dividendos, para assegurar fontes de receita que viabilizem o auxílio.

Na campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu manter para o ano que vem o pagamento de R$ 600 por meio do Auxílio Brasil.

“A prioridade absoluta é a garantia do Auxílio Brasil. Mais do que triplicamos o valor do benefício e agora queremos garantir esse programa”, disse Guedes, nesta quinta-feira (27), em entrevista ao Grupo Suno.

“A primeira coisa que temos de fazer é a tributação de lucros e dividendos para financiar esse auxílio. Isso já estava previsto na reforma tributária”, afirmou o ministro, referindo-se ao projeto que está sob análise no Senado.

Segundo Paulo Guedes, não taxar lucros e dividendos “não é socialmente justo”. “Lucros e dividendos não pagam. São mais de R$ 300 bilhões por ano auferidos em lucros e dividendos e pagam zero”, disse.

Pandemia

O chefe da equipe econômica também falou sobre a atuação do governo durante a pandemia de Covid-19. Guedes rebateu as críticas de que Bolsonaro demorou a comprar vacinas e disse que conciliar a preocupação com a saúde e a economia foi um acerto da atual gestão.

“Houve muita dificuldade. Nós saímos do trilho de reconstrução nacional, fomos para o combate à Covid. O Brasil foi um dos países que mais vacinou, imunizou amplamente sua população. Vencemos a pandemia e estamos com a dinâmica de crescimento maior que a dos outros países. Retomamos o eixo das reformas estruturantes”, afirmou.

“Fake news”

O ministro da Economia voltou a acusar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de disseminar notícias falsas sobre o governo Bolsonaro, especialmente relacionadas à área econômica.

Nas últimas semanas, aliados de Lula repercutiram a informação de que o governo pretenderia retirar os descontos com despesas médicas e educacionais do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e acabar com o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias com base na inflação. Guedes e Bolsonaro negaram.

“O outro candidato todo dia solta ‘fake news’ sobre a gente. ‘Ah, eles não vão corrigir o salário mínimo.’ Nós vamos corrigir o salário mínimo acima da inflação”, garantiu Guedes.

“Agora que a pandemia foi embora, nós podemos dar um aumento real, acima da inflação. Eles ficam todo dia espalhando ‘fake news’ de que não vai ter aumento do salário mínimo, tentando roubar votos para a eleição. Você está numa democracia em que as pessoas ficam inventando mentiras.”

Privatizações

Na entrevista, Guedes prometeu avançar na agenda de privatizações para modernizar a economia. O ministro afirmou que continuará defendendo, junto a Bolsonaro, a importância de o Estado vender companhias que não seriam mais rentáveis.

“Tem que privatizar essas empresas. O presidente é quem sabe, politicamente, até onde ele quer ir. Se perguntar para o ministro da Fazenda dele, tem sempre a mesma resposta: privatizar todas”, disse Guedes.

“Vamos continuar privatizando. Evidentemente, politicamente, não sei o que vai acontecer”, concluiu.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”