Arthur Lira e Rodrigo Maia medem forças em eleição para a Câmara; veja os pontos fortes e fracos de cada um

Líder do "centrão" conta com a ajuda do Palácio do Planalto, mas foge do rótulo de candidato do governo; já Maia tem dificuldades para definir nome

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Uma das notícias mais importantes que virá de Brasília nos próximos dois meses é a dos nomes que presidirão a Câmara dos Deputados e o Senado Federal até o fim da legislatura. As disputas pelos cargos se intensificaram nesta semana, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na prática, impediu a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Maia dizia que não tentaria um quarto mandato no comando da casa legislativa. Mesmo assim, a notícia impactou a disputa sucessória. Já Alcolumbre tinha tudo organizado para continuar no cargo, inclusive contava com o apoio de parcela significativa dos senadores. O impedimento deflagrou uma corrida de última hora entre candidatos a ocupar o inesperado espaço que se abriu.

Este foi um dos assuntos do podcast Frequência Política. programa é uma parceria entre o InfoMoney e a XP Investimentos. Ouça a íntegra pelo player acima.

Na Câmara, a notícia vinda do STF acelerou o processo de construção da candidatura de Arthur Lira (PP-AL), líder do “centrão” e que já trabalhava para viabilizar seu nome na disputa há tempos. O parlamentar buscou uma aproximação com o governo Jair Bolsonaro meses atrás e hoje conta com a simpatia e até movimentos favoráveis vindos do Palácio do Planalto.

“Com o revés que Rodrigo acabou sofrendo com a decisão do Supremo, ainda que não fosse se tornar candidato, Arthur Lira viu uma janela, já estava com a candidatura mais estruturada, colocou o time em campo e fez esse evento [de lançamento oficial] no meio da semana, reunindo as lideranças de oito partidos e colocando uma pressão grande nas costas do time de Rodrigo Maia”, observa Paulo Gama, analista político da XP Investimentos.

Horas após o lançamento da candidatura adversária, Maia anunciou a criação de um bloco com 157 deputados para a disputa por sua sucessão. Integram o grupo PSL – partido que ainda abriga alguns parlamentares bolsonaristas que não apoiarão a candidatura por ele defendida –, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV.

A aliança, contudo, não tem definido seu representante. Na lista de postulantes estão Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-PE). Um dos riscos avaliados no grupo é de possível falta de tempo para campanha e articulações, em função do atraso no lançamento do candidato.

Outro é o de fragmentação durante o processo de construção de um representante. O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), atual vice-presidente da casa, tem indicado que seu partido não fará parte do bloco e poderá tentar alçar voo solo com sua candidatura. O Republicanos, partido do senador Flávio Bolsonaro (RJ) e do vereador Carlos Bolsonaro (RJ), filhos do presidente, também é cobiçado por Arthur Lira para compor seu bloco.

“O grande problema é que Maia até agora não definiu candidato. Então, Arthur Lira larga na frente claramente. Os partidos da oposição temem formalizar um bloco sem saber quem vai ser o candidato. Existem resistências pontuais contra todos os nomes que já foram colocados naquele arco de possibilidades”, avalia Júnia Gama, analista política da XP.

Enquanto não define um nome, Rodrigo Maia tem se esforçado em associar a candidatura de seu principal adversário ao Palácio do Planalto. Em coletivas de imprensa recentes, o parlamentar chegou a dizer que o governo está “desesperado para tomar conta da presidência da Câmara dos Deputados” e implementar uma agenda conservadora.

“Se todos os candidatos colocados defendem a pauta econômica, para quê o presidente quer interferir no processo? Porque ele quer as outras pautas. Ele quer a pauta contra o meio ambiente, ele quer a pauta das armas”, disse.

“A gente sabe que o governo tem um candidato. A gente sabe que o governo vai jogar pesado para eleger seu candidato. A gente sabe que o governo vai rasgar seu próprio discurso para tentar derrotar o atual presidente da Câmara e meu candidato”, continuou. Tal discurso também mira partidos de oposição, que podem fazer a diferença na disputa.

Também de olho no apoio de siglas não alinhadas com o governo federal, Lira tem evitado a associação com o Palácio do Planalto e focado suas falas em um discurso interno e de oposição a Maia. Nos bastidores, contudo, o líder do “centrão” conta com a disposição do governo em ceder espaços para aliados e condicionar a liberação de emendas parlamentares.

Um dos movimentos recentes que reforçaram tal percepção foi a demissão de Marcelo Álvaro Antônio do Ministério do Turismo. O presidente da Embratur, Gilson Machado, foi escolhido para a vaga. A avaliação de parlamentares é que, ao colocar um amigo pessoal no cargo, Bolsonaro facilita possíveis trocas na pasta no futuro para acomodar acordos a favor de Lira.

“O cargo estava sendo colocado na cesta de produtos oferecidos aos potenciais aliados de Arthur Lira. Sabemos que o governo quer de qualquer forma ter um aliado na presidência da Câmara e começou nesta semana movimentos mais assertivos. Bolsonaro colocou o presidente da Embratur no lugar, mas esse ministério ainda pode entrar na composição para a presidência da Câmara”, pontua Júnia Gama.

A percepção de proximidade com o governo federal pode atrapalhar a busca de Lira pelo apoio de partidos de oposição. Mesmo assim, há uma maioria no PSB pelo endosso ao líder do “centrão”. Segundo deputados, 18 dos 31 membros da bancada defenderam tal posição em reunião na última quarta-feira (9).

Para Paulo Gama, a guerra de narrativas entre os grupos deve se intensificar. “Rodrigo vai grudar essa pecha de candidato do governo em Arthur, e Arthur vai tentar se equilibrar entre abrir um espaço no ministério do Turismo para colocar alguém e dizer que ele não tem nada com o governo”, diz.

No vácuo de Alcolumbre

No Senado, a decisão do STF provocou uma reviravolta maior, já que os planos de reeleição de Davi Alcolumbre estavam mais consolidados – ao ponto de candidaturas alternativas não terem sido discutidas em profundidade até então. Com a notícia, o MDB, maior bancada da casa, reivindicou o direito de indicar o sucessor. No partido, contudo, há uma disputa entre possíveis representantes.

Os principais cotados no partido são o atual líder da bancada, o senador Eduardo Braga (AM), e os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso Nacional, Eduardo Gomes (TO). A senadora Simone Tebet (MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), também está no páreo como nome que pode atrair o apoio da oposição.

“A disputa no MDB vai ser bastante forte. Tem gente que acha que se o partido conseguir chegar a um denominador comum, sai com muita força. Se não, dificilmente vai ter uma candidatura competitiva”, diz Júnia Gama.

Desde que foi barrado, Alcolumbre tem trabalhado para ser o principal cabo-eleitoral no pleito. Apesar dos apelos do MDB, ele tenta construir um arco de apoio a um nome de fora da legenda. Hoje, o principal cotado é o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que, apesar de estar em seu primeiro mandato na casa, tem um bom trânsito com os pares e carrega uma imagem de respeitado conhecimento jurídico.

Outro cotado é Antonio Anastasia (PSD-MG), atual primeiro vice-presidente da casa legislativa, mas que não tem trabalhado ativamente na viabilização de uma candidatura.

O assunto foi abordado na edição desta semana do podcast Frequência Política. Você pode ouvir a íntegra pelo SpotifySpreakeriTunesGoogle Podcasts e Castbox ou baixar o episódio clicando aqui.

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